Economistas do mercado financeiro reduziram as projeções para a inflação de 2023, após quatro semanas consecutivas de manutenção. Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (16/10), a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 4,86% para 4,75%.
Com a queda, a projeção passou a ficar no teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) pela primeira vez neste ano. A meta central de inflação é de 3,25%, e será considerada cumprida se o índice oscilar entre 1,75% e 4,75%. A última vez que a inflação oficial fechou o ano dentro do limite foi em 2020.
O analista da Ouro Preto Investimentos Sidney Lima atribuiu a revisão ao dado mais recente de inflação e afirmou que a redução das perspectivas vem em linha com a dinâmica inflacionária no cenário local. "O indicador oficial de inflação, mais uma vez, trouxe uma desaceleração maior do que era esperado pelo mercado", destacou.
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O IPCA subiu 0,26% em setembro, abaixo das expectativas dos analistas, que eram de 0,34%. "O resultado pegou de surpresa boa parte do mercado, que respira um pouco mais aliviado no cenário local. Contudo, as atenções seguem agora voltadas para a resiliência no mercado norte-americano, que pode trazer novos desdobramentos por aqui", ponderou.
A previsão para a inflação de 2024 permaneceu em 3,88%, assim como para 2025, que está em 3,50% há 12 semanas. Para a economista-chefe do TC Investimentos, Marianna Costa, o dado desta semana ratifica a percepção de que o Banco Central continuará a cortar a taxa básica de juros (Selic) no mesmo ritmo de 0,50 ponto percentual, mesmo que os núcleos tenham se mostrado melhores.
"Há um claro desempenho benigno dos preços, mas a política fiscal mais expansionista e os riscos geopolíticos devem restringir cortes mais pronunciados nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária)", avaliou Costa.
As projeções para a Selic para este ano e os dois próximos permanecem inalteradas há 10 semanas. A estimativa para o fim de 2023 continuou em 11,75%, enquanto a projeção para 2024 foi mantida em 9% e as de 2025 e de 2026 permaneceram em 8,50%.
Fator guerra
O diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Mauricio Moura, disse que o conflito entre Israel e o Hamas pode afetar os preços de importantes ativos no comércio global, como o petróleo, mas ressaltou que ainda é cedo para falar sobre os impactos na inflação brasileira.
"A guerra traz novos riscos geopolíticos que podem ter impacto em preços de importantes ativos, principalmente no petróleo, que tem disseminação em outros preços. Entretanto, o conflito está em fase inicial, com incertezas sobre duração e intensidade e seus efeitos sobre a inflação global e local", afirmou Moura, durante live semanal promovida pela autoridade monetária para responder dúvidas do público.
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