O Brasil gerou 2,03 milhões de empregos com carteira assinada em 2022, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Apesar de positivo, o número é 26% menor que o de 2021, quando foram criadas 2,77 milhões de vagas, e veio abaixo das projeções dos analistas de mercado.
Apenas em dezembro do ano passado, foram fechados 431.011 empregos formais, com perdas em todos os cinco setores da economia. O estoque, que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos, atingiu 42,7 milhões, queda de 1% em relação a novembro.
Segundo Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre FGV), a desaceleração na geração de vagas formais era esperada. "O emprego já vinha perdendo força, mas chama a atenção a clara desaceleração no final de 2022. Temos muitas variáveis macroeconômicas negativas, como inflação alta e tendência de juros permaneceram elevados. Isso desaquece a economia, o que se reflete no mercado de trabalho", explicou.
Para Tobler, o saldo negativo de dezembro não foi tão preocupante, pois costuma ser algo sazonal. "O fechamento de vagas era esperado, mas os números vieram piores do que o previsto", ressalvou.
O salário médio de admissão, por sua vez, caiu para R$ 1.915,16 em dezembro, ante R$ 1.933,06 em novembro. "Num ambiente de arrefecimento inflacionário, podemos deduzir que os salários nominais têm sido mais baixos no momento de efetivação dos contratos. E, como as últimas admissões têm sido concentradas no setor de serviços, que historicamente paga menos que os demais, esse é um efeito adicional sobre os salários", observou o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso.
A expectativa de analistas é de que o mercado de trabalho continue em desaceleração este ano. "Essa é a tendência, seguindo as expectativas de um PIB (Produto Interno Bruto) mais baixo, que sofre efeitos dos juros. Assim, utilizando nossa projeção de 0,5% para o PIB, esperamos que sejam criadas 500 mil vagas formais em 2023", acrescentou Caruso.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, atribuiu a queda no volume de empregos à reforma trabalhista realizada pelo governo do presidente Michel Temer, em 2017, que promoveu mudanças na CLT, com a implementação de novas modalidades de contrato, como o trabalho intermitente.
De acordo com Marinho, houve uma queda na fiscalização, o que precarizou os contratos trabalhistas. "Hoje em dia há muitas empresas por aí contratando como PJ (Pessoa Jurídica) quem não é PJ. Vamos aumentar a fiscalização em cima disso."
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