A Petrobras anunciou redução de R$ 0,22 no preço médio do litro de diesel vendido às distribuidoras, equivalente a um corte de 47%. A partir de hoje, o valor passará de R$ 5,41 para R$ 5,19 por litro. Foi a segunda diminuição em uma semana — a segunda também desde a entrada do novo presidente da estatal, Caio Paes de Andrade. Outros combustíveis, como gasolina, etanol e gás de cozinha, não tiveram alterações.
O preço final do diesel ao consumidor vai depender do repasse que for feito por distribuidores e postos de revenda. Nos cálculos da Petrobras, o impacto pode ser de R$ 0,20, considerando a mistura comercializada, composta por 90% de diesel A e 10% de biodiesel.
Desde o início deste ano, o preço dos combustíveis tem pautado a agenda política do país. Preocupado com impacto dos altos preços sobre sua campanha à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou o comando da Petrobras três vezes. A última mudança ocorreu no final de junho, quando Caio Andrade assumiu o cargo — ele é o quarto presidente da estatal no atual governo.
Comemoração
Em junho, Bolsonaro sancionou a lei que fixa a alíquota máxima do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos bens essenciais, o que inclui os combustíveis, entre 17% e 18%. A medida teve efeito significativo, como a queda da gasolina, que levou a inflação a mostrar índice negativo de 0,68% em julho. A nova redução do valor do diesel foi comemorada por Bolsonaro nas redes sociais. "Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", postou o presidente, poucos minutos após o encerramento do ato pró-democracia, em São Paulo.
Segundo a Petrobras, as reduções acompanham a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel. "É coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", disse a empresa, em nota. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), haveria espaço para uma queda de R$ 0,60, já que o preço interno do diesel está 13% acima da média do mercado internacional.
A redução anunciada ontem pela Petrobras produz impacto direto, mas pequeno, sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com corte de 0,01 ponto porcentual, calculou o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano. Luis Menon, da Garde Asset, tem cálculo semelhante: "O diesel tem um impacto mais secundário para a inflação, de alívio de custos. A parte positiva de reduzir o diesel é que, no médio prazo, ajuda as cadeias produtivas. Podemos ter algum alívio dos produtos in natura mais à frente", disse.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo