O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, informou ontem que o Brasil comprará da Rússia a maior quantidade possível de óleo diesel. "Temos que garantir diesel suficiente para o agronegócio e para os motoristas brasileiros", disse o ministro a jornalistas, em paralelo à reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York. Na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) havia anunciado que um acordo com a Rússia para fornecimento do combustível estava em andamento.
Nos últimos meses, em função da guerra entre Rússia e Ucrânia, a possibilidade de falta de óleo diesel no mercado entrou na agenda de preocupações do governo. Ontem, em depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, reiterou que o país tem estoques para 50 dias, sem necessidade de importação, o que, para ele, é uma situação confortável. "Se não puder importar mais petróleo, o Brasil ainda tem 50 dias de diesel. Estamos bem preparados, bem posicionados e monitorando atentamente a evolução do cenário mundial", disse.
Em abril, momento em que estava sendo fortemente pressionada a mudar a política de preços dos combustíveis, a Petrobras encaminhou documento ao governo alertando sobre a possibilidade de falta de diesel neste segundo semestre, quando o consumo do produto aumenta, sobretudo, por causa da movimentação da safra agrícola. Na época, Sachsida disse que os estoques do produto eram suficientes para 38 dias de consumo.
Carlos Alberto França explicou que o Brasil comprará "o máximo que puder" da Rússia, país que passou a ser alvo de duras sanções internacionais após invadir a Ucrânia. O ministro lembrou que o Brasil é "um parceiro estratégico" da Rússia, de quem é fortemente dependente em matéria de fertilizantes.
Em uma conversa telefônica com Vladimir Putin em 26 de junho, Bolsonaro havia conseguido da Rússia o compromisso de garantir o fornecimento "ininterrupto" de fertilizantes, que são vitais para o agronegócio no país. O Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes que utiliza, e mais de 20% destes vêm da Rússia.
No caso do diesel, a possível carência do produto não está tão relacionada à disponibilidade de petróleo — que, ontem, votou a cair abaixo dos US$ 100 por barril —, mas à falta de refino, que provocou uma queda nas reservas em todo o mundo. "O Brasil busca segurança em matéria de abastecimento e a Rússia é um desses fornecedores seguros", afirmou França.
A dificuldade de refino tem gerado aumento dos preços do combustível em todo o mundo. No depoimento ao Senado, Sachsida também comentou as pressões para que o governo interfira na política de preços da Petrobras, e afirmou que isso não é possível, devido ao ordenamento jurídico do país.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.