A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) enviou ofício aos membros do Conselho de Administração da Petrobras e do Comitê de Elegibilidade da companhia contra a indicação de Caio Paes de Andrade para a presidência da estatal. A entidade afirma que há inconsistências no currículo do gestor e sugere que Andrade "seja rejeitado, visto o cenário de instabilidade que pode acarretar sua nomeação".
A associação enviou a mensagem com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados. O grupo alertou, ainda, que "caso o nome seja aprovado, buscará os meios legais, tanto nos órgãos de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVN), quanto no Poder Judiciário, para que a decisão seja revista". O comitê de Elegibilidade deve avaliar hoje se Paes de Andrade atende aos requisitos exigidos pelo cargo e entregar um parecer ao Conselho de administração da companhia.
Sem experiência
A notificação da Anapetro afirma que Andrade não atende a exigências técnicas da Lei das Estatais e do Estatuto Social da Petrobras. "O senhor Andrade não possui notório conhecimento na área, além de ser formado em comunicação social, sem experiência no setor de petróleo e energia", diz o documento.
Além disso, acusa a Anapetro, o candidato não apresentou certificado de conclusão dos cursos que diz ter feito nas Universidades Duke e Harvard, nos Estados Unidos. "O currículo apresentado pelo indicado de Bolsonaro à Petrobras fala em pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. A Petrobras exige a comprovação por meio dos certificados", afirma o documento.
"O currículo de (Paes de Andrade) esbarra em pelo menos dois impeditivos para sua nomeação: a experiência profissional e a formação acadêmica", reforçou a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, Rosângela Buzanelli, por meio das redes sociais.
"O governo trata a Petrobras como uma empresa de fundo de quintal em total irresponsabilidade e falta de respeito aos acionistas e à importância da empresa para a sociedade brasileira. Os impactos financeiros negativos dessas trocas constantes e a tentativa de nomeação de pessoas não capacitadas, como parece ser o caso, demonstram que o governo quer interferir na gestão da empresa para depreciar ainda mais seus ativos colocados à venda", afirmou o presidente da Anapetro, Mario Dal Zot.
Paes de Andrade foi formalmente indicado ao cargo pelo Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida para o lugar de José Mauro Coelho, que, após ter sua demissão anunciada pelo governo, renunciou ao cargo na última segunda-feira. O governo também indicou seis novos nomes para o Conselho de Administração. Para analistas, o objetivo é interferir na política de preços dos combustíveis, que tem se mostrado um complicador para os planos de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).