conjuntura

Indústria em ritmo lento

Produção cresce 0,3% em março, mas setor termina o primeiro trimestre com queda de 4,5% ante o mesmo período de 2021

Michelle Portela
postado em 04/05/2022 00:01
 (crédito: Werther Santana/Estad?o Conte?do)
(crédito: Werther Santana/Estad?o Conte?do)

A produção industrial cresceu 0,3% em março deste ano em relação ao mês anterior, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da alta mensal, a indústria fechou o primeiro trimestre em queda de 4,5% ante o mesmo período de 2021. Em relação a março do ano passado, houve recuo de 2,1%, oitava taxa negativa consecutiva nessa comparação. A produção acumulada em 12 meses chegou a 1,8% e vem enfraquecendo desde agosto, quando teve variação positiva de 7,2%. Com isso, o setor permanece 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia.

Segundo o IBGE, em março houve alta em três das quatro grandes categorias econômicas e em 14 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades com avanço na produção estão veículos automotores, reboques e carrocerias (6,9%), outros produtos químicos (7,8%), bebidas (6,4%) e máquinas e equipamentos (4,9%).

Na lista das 12 atividades em queda, estão produtos alimentícios (-1,7%), coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,4%).

Considerando as grandes categorias econômicas, bens de capital (8,0%) e bens de consumo duráveis (2,5%) tiveram as taxas positivas mais acentuadas em março de 2022, intensificando os avanços registrados em fevereiro último, de 2,5% e 1,4%, respectivamente.

Bens intermediários (0,6%) também registraram crescimento, mas abaixo do verificado no mês anterior (1,8%). Por outro lado, o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis (-3,3%) apontou forte taxa negativa em março, interrompendo três meses consecutivos de avanço na produção.

Desastre

Para o economista Cláudio Considera, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os dados não são animadores.

"Dificilmente, a indústria sairá logo da encruzilhada em que se encontra. É uma situação bastante difícil, particularmente, porque se trata daquela indústria mais capaz de exportar. O que a gente vê é que só houve crescimento na produção de bens de capital, os demais itens, principalmente, bens de consumo duráveis, caíram", avaliou Considera. "É uma situação complicada. Esse pequeno crescimento de março não dá a dimensão do desastre que estamos enfrentando", afirmou.

De acordo com André Perfeito, economista da Necton Consultoria, "de modo geral, os dados continuam ruins na esteira do baixo nível de renda", e reforçam o cenário de alta do PIB de apenas 0,3% no acumulado de 2022. "A elevação da Selic vai segurar a atividade, não há dúvida, mas cabe notar que o governo tem feito uma série grande de transferências, e isso pode criar certo colchão na atividade. Mas por ora não é possível mensurar de maneira precisa", disse.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação