O Brasil defenderá a permanência da Rússia no G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, após pedido de apoio enviado pelo Kremlin, conforme declaração do ministro das Relações Exteriores, Carlos França. Além disso, o chanceler confirmou que o país solicitou à Organização Mundial do Comércio (OMC) para criar um fluxo de negociação multilateral que garanta o livre fluxo de fertilizantes para a produção nacional de alimentos.
As declarações foram dadas ontem, no Itamaraty, durante visita da diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala. De acordo com o chanceler, o país também é favorável à presença russa nas rodadas dos líderes do G20, previstas para novembro deste ano, na Indonésia. França, ressaltou que cabe ao Ministério da Economia decidir sobre o apoio aos russos no Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
O chanceler defendeu a presença da Rússia nos fóruns diplomáticos e comerciais internacionais como forma de tentar resolver o conflito daquele país com a Ucrânia. "A exclusão não nos ajuda a encontrar uma solução para o problema imediato, que é justamente cessar as hostilidades e trazer as partes envolvidas à mesa para implementar uma solução de paz duradoura", afirmou o ministro.
As relações comerciais do Brasil com a Rússia foram tema constante da visita da diretora-geral da OMC ao país. O chanceler disse que o governo brasileiro solicitou à entidade que avalie um pedido de que o Brasil continue a importar fertilizantes da Rússia, que atualmente sofre sanções internacionais por provocar o conflito.
Ngozi Okonjo-Iweala afirmou que a situação está sendo analisada e que a importação de fertilizantes influencia a produção nacional de alimentos. "Se o Brasil não tem fertilizantes, nós não temos alimentos suficientes para o mundo. O Brasil é fundamental no combate à crise alimentar global", disse.
A questão dos fertilizantes também foi tratada entre a diretora e o presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem ela esteve reunida durante a tarde. De acordo com o relato de França, Bolsonaro defendeu a importação do produto como forma de garantir a produção de alimentos a médio prazo no Brasil.
Conferência
A visita da diretora-geral ao Brasil faz parte da agenda preparatória para a 12ª Conferência Ministerial da OMC, prevista para junho. A conferência irá debater uma série de temas, desde novas regras contra subsídios até o enfrentamento de barreiras para produção de vacinas e medicamentos e o destravamento do Sistema de Solução de Controvérsias, assuntos prioritários para a indústria nacional.
Hoje, Ngozi Okonjo-Iweala tem agenda em São Paulo para debater as prioridades de comércio exterior para o Brasil em reunião conjunta com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
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