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Uber eleva tarifa em 6,5%

Empresa anuncia reajuste após o mega-aumento dos combustíveis. Motoristas afirmam, no entanto, que custos inviabilizam o transporte de passageiros e falam em deflagar uma paralisação em abril

Deborah Hana Cardoso
postado em 15/03/2022 00:01
 (crédito: Josh Edelson/AFP)
(crédito: Josh Edelson/AFP)

Empresa de tecnologia que atua na área de transporte, a Uber anunciou, ontem, que as corridas ficarão 6,5% mais caras para os passageiros. O reajuste da tarifa acompanha o mega-aumento dos combustíveis autorizado pela Petrobras. Na última semana, a estatal anunciou um reajuste para a gasolina de 18,77%.

A medida da Uber atende a uma reivindicação dos motoristas do aplicativo, como Manoel Scooby, 44 anos. Ele atua no segmento desde 2016. "Está difícil trabalhar, e a receita dos aplicativos não diminui, só a nossa. Pedimos que o reajuste seja feito na tarifa, que diminuam o lucro deles", criticou.

O presidente do Sindicato dos Motoristas por aplicativo (Sindimaap-DF), Marcelo Chaves, detalha as dificuldades. Ele explicou que, em razão dos custos, motoristas com carros alugados devem suspender o atendimento. Segundo o sindicalista, líderes sindicais de aplicativo avaliam uma eventual greve em 1º de abril.

Motoristas de aplicativo ainda não têm a atividade regulamentada. Mas uma paralisação está prevista na legislação. "O direito de greve está assegurado independentemente da relação de emprego, sendo este fundamental, previsto no artigo 9° da Constituição. Não se limita a trabalhadores com vínculo empregatício, mas qualquer relação de dependência econômica, como é o caso dos aplicativos", esclarece Guilherme Guimarães Feliciano, juiz do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-15). "Já houve greve dos entregadores em São Paulo, conhecida como 'Breque', para assegurar direitos mínimos, mas não se aplicou aos usuários de aplicativos como Uber e 99. Desde que não seja uma paralisação de proprietários, se enquadra no direito de greve", acrescentou o magistrado.

"Melhor nem sair"

A motorista Cristiany Albuquerque, 45 anos, expressa o crescente descontentamento entre os motoristas. Mas não esconde a preocupação, particularmente se houver um movimento grevista dos caminhoneiros. "Se houver uma paralisação, seremos obrigados a parar, como ocorreu no governo de Michel Temer. Ficávamos até cinco horas em uma fila de posto para ter combustível. Diante de uma nova paralisação, melhor nem sair de casa", observou.

Para quem não tem mais dedicação exclusiva ao Uber, a paralisação é uma ideia tentadora. É o caso de Marcos Fernandes da Silva, 39 anos. "Deixei a atividade de motorista por aplicativo como principal para me dedicar a barbearia há um ano. Eu acredito que os Ubers, de forma geral, vão paralisar. Eu faria isso", disse.

O Correio entrou em contato com a Uber, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

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