Endividamento recorde das famílias

Correio Braziliense
postado em 04/03/2022 00:01

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou que o número de famílias brasileiras com dívidas ou contas atrasadas atingiu o maior patamar em 12 anos.

O percentual de famílias com dívidas a vencer chegou a 76,6%. O número inclui cheques pré-datados, cartões de crédito, cheque especial, carnês de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestação de carro e de casa. O índice representa um aumento de 9,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Conforme o levantamento, pelo menos 27% dos lares aparecem no indicador de inadimplência, 2,5% a mais que o apurado em fevereiro de 2021. A parcela que declarou não ter condições de pagar as contas ou dívidas em atraso, ou seja, que permanecerá inadimplente, cresceu 0,4% na comparação com janeiro deste ano, mas o índice ficou estagnado se considerado o registrado no mesmo momento do ano passado, em 10,5%.

Para a diretora da Pontual Contadores e Auditores Associados, Rejane Pires, a inflação é o grande percalço. "A inflação está aí, sobretudo nos produtos mais básicos da alimentação, e o salário não vem acompanhando isso. Então você tem um poder aquisitivo menor e o básico mais caro. E aí você vai pegar empréstimos que, além de terem juros, nem sempre vão caber dentro do orçamento mensal, porque se a pessoa estava sem dinheiro para se manter para pagar as contas fixas da casa, imagina se entra a parcela de um financiamento", aponta a especialista.

O cartão de crédito segue sendo o principal motivo de dívidas. No total, 86,5% das famílias com dívidas têm pendências dentro dessa modalidade — 6,5 pontos percentuais a mais do que o observado em 2021 e 7,9 p.p. em vista de 2020.

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a escalada dos juros contribui para o cenário percebido pelo estudo. "O panorama mostra que, na margem, o custo do crédito mais elevado e o próprio endividamento alto entre as pessoas que vivem no mesmo domicílio dificultam a contratação de novas dívidas e o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos." (MEA)

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