O encerramento das atividades do escritório do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Brasília marcou o dia de ontem, após a organização divulgar nota oficial anunciando a sua retirada do país. Diplomatas e especialistas apontaram a ação como uma possível resposta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que, na última quarta-feira, desqualificou o trabalho realizado pela instituição. De acordo com o jornal O Globo, técnicos do órgão se sentiram "expulsos" do Brasil, uma vez que o ministro disse, com todas as letras, que estava dispensando o trabalho da organização.
"Nós estamos dispensando o FMI. Eles estão aqui há bastante tempo, havia bastante desequilíbrio. E eu assinei: pode voltar, pode passear lá fora. Vieram aqui para prever uma queda de 9,7%, e que a Inglaterra ia cair 4%. Nós caímos 4%, a Inglaterra, 9,7%. Achamos melhor eles fazerem previsões em outro lugar", declarou Guedes. O ministro acrescentou ainda, que a organização permaneceu no país porque "(os membros do Fundo) gostam de feijoada, jogo de futebol e conversa boa". "E de vez em quando criticar um pouco e fazer previsão errada", completou.
Na nota, o FMI confirmou o encerramento do escritório de representação no Brasil por meio de um acordo. "O FMI fechou um acordo com as autoridades brasileiras para encerrar o Escritório de Representação do FMI em Brasília até 30 de junho de 2022", diz o comunicado. Questionado pelo Correio, o Ministério das Relações Exteriores informou que "a saída do escritório do FMI no Brasil já estava programada, portanto não terá nenhum impacto na boa qualidade das relações do país com o Fundo".
O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda, lamentou o fim da unidade. "O FMI, além da sua função precípua de emprestador de última instância, também é uma referência na análise das políticas econômicas e prognósticos dos países. Fechar a sua representação no Brasil é um retrocesso, pois nos distancia do órgão, sem trazer qualquer benefício prático", afirmou.