A fim de disseminar o uso de novas tecnologias no campo, o seminário Agro 4.0 apresentará resultados de projetos bem sucedidos para aumentar a produtividade do agronegócio. O encontro é fruto de parceria entre o Correio Braziliense e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e ocorre amanhã, a partir das 15h30.
O evento contará com a participação de especialistas e será transmitido ao vivo, pelas redes sociais do jornal — YouTube, Facebook e Twitter.
Esta edição do seminário reúne 14 projetos-piloto. Os trabalhos abordam desde o uso de robótica no revolvimento de grãos de café até a aplicação de inteligência artificial para monitorar o desempenho individual e diário do gado confinado e ajudar na tomada de decisão.
O agronegócio representa quase 25% do PIB brasileiro. Durante a pandemia, o setor não parou, mas teve que se adaptar a um menor contingente de trabalhadores. Foi preciso, então, se reinventar.
"O Brasil é o líder do mercado mundial do agronegócio não apenas pela questão territorial, pelo solo fértil e diversificado do país, mas também por conta da Embrapa. Foi quem mais investiu em tecnologia", avalia Felipe Queiroz, economista e pesquisador da Unicamp.
Promovendo uma melhor preparação da terra, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária contribuiu para o pequeno, médio e grande produtor. Segundo Queiroz, parte significativa dessa realidade foi o investimento público feito no setor ao longo de décadas.
Outro ponto de benefício da agropecuária 4.0 é a redução nos custos de produção. Como resultado da inovação, os projetos piloto registram queda de 25% no custo da arroba produzida e uma redução de 30% no volume de água utilizado na irrigação.
Impacto internacional
Felipe Queiroz explica que incentivar o desmatamento afeta o volume de chuvas, a colheita e a produtividade do setor. Consequentemente, o setor tem que investir em tecnologia, sobretudo para otimizar a produção sem ter que ampliar o volume de terras desmatadas.
A modernização proposta no Agro 4.0 contribui para o agronegócio tanto econômica quanto politicamente. Economicamente porque faz com que a área já utilizada pelo produtor, seja para pastagem ou para plantação, tenha uma produtividade maior. Politicamente leva a uma melhora na imagem do setor no âmbito externo. "Há uma tentativa permanente do agronegócio de se desvencilhar dessa imagem do setor enquanto grileiros de terra, tecnologia vai ajudar nessa distinção", acredita Queiroz.
A revolução do 5G
A Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), aponta que 67% das propriedades brasileiras voltadas para plantio já adotaram algum tipo de inovação tecnológica. Apesar disso, mais de 70% das terras agrícolas em geral não possuem internet.
Com a chegada do 5G, o momento para investir na modernização é ideal. Como a nova rede tem velocidade até 100 vezes maior do que a atual, a tendência é de que o país seja capaz de superar o apagão existente no campo. "O 5G é uma tecnologia muito importante e os benefícios dela aos setores de agricultura e pecuária serão visíveis nos próximos anos", afirma Felipe Queiroz.