Petróleo dá receita recorde para o governo

Correio Braziliense
postado em 10/11/2021 00:01

Apesar de o governo argumentar que, sem a PEC dos Precatórios, não teria dinheiro para financiar o Auxílio Brasil, as altas da gasolina e do diesel estão engordando os cofres da União. Cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) mostram que o governo federal deverá arrecadar, pelo menos R$ 70,1 bilhões por conta dos preços cada vez mais altos dos combustíveis neste ano. O valor seria suficiente para bancar os pagamentos de R$ 400 por mês do Auxílio Brasil a 17 milhões de famílias, que custaria R$ 50 bilhões além dos R$ 34,7 bilhões já orçados para o Bolsa Família. Apenas em tributos sobre os combustíveis, o governo arrecadou R$ 15,2 bilhões de janeiro a setembro, e ainda deverá receber R$ 23 bilhões de dividendos da Petrobras, uma vez que a União é o maior acionista da estatal. Além disso, a receita estimada pela entidade para 2021 com participações governamentais (royalties, participações especiais, taxa de ocupação ou retenção da área e bônus de assinatura) é de R$ 84,8 bilhões para o governo federal, estados e municípios. Deste total, R$ 31,9 bilhões são referentes à arrecadação da União.

"A receita pode ser maior, porque o preço dos combustíveis continua subindo, e não sabemos qual será o lucro da Petrobras no quarto trimestre", afirmou o presidente do CBIE, Adriano Pires. O montante é quase o total de precatórios que vencem no ano que vem (R$ 89,1 bilhões). Logo, dinheiro existe. Mas onde o governo quer gastar é uma questão de escolha", acrescentou.

"Essa conta dá R$ 70,1 bilhões, por enquanto, mas ela pode ser maior, porque o preço dos combustíveis continua subindo, o dólar não está caindo, e não sabemos qual será o lucro da Petrobras no quarto trimestre e esse resultado mostra que o setor de óleo e gás é o que mais vai gerar arrecadação para o governo em 2021", afirmou Pires.

Os combustíveis são os principais vilões da inflação, atualmente, e a alta do preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha reflete o aumento dos valores pagos pelo petróleo no mercado internacional. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar também impacta nos preços. O barril do petróleo vem sendo negociado acima de US$ 80 e o dólar vem sendo negociado em torno R$ 5,50. O cálculo do CBIE considerou o petróleo a US$ 70 e o dólar a R$ 5,20.

Procurado, o Ministério da Economia não comentou o assunto.

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