COMBUSTÍVEIS

Presidente volta a criticar a Petrobras por preços altos

Luana Patriolino
postado em 09/11/2021 00:01

Alvo de críticas por conta do sucessivo aumento do preço dos combustíveis no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro culpou os dividendos da Petrobras para justificar os recordes nas bombas. O chefe do Executivo também criticou a política de preços da estatal e definiu as regras como sendo "equivocadas".

Em entrevista a uma rádio de Curitiba, ontem, o mandatário disse: "Os dividendos são, no meu entender, absurdos — R$ 31 bilhões em três meses. Eu não quero na parte da União ter esse lucro fantástico", afirmou.

Para Bolsonaro, a culpa é da política de preços com paridade internacional adotada pela Petrobras. "Nós somos autossuficientes em petróleo, não justifica isso aí. Não podemos ficar escravizados ao preço lá de fora", afirmou. "Lucro da Petrobras, ao longo dos anos, grande parte vai para acionistas", acrescentou.

Nos últimos tempos, o presidente tem feito críticas à estatal e defendido a privatização da empresa. Na semana passada, Bolsonaro afirmou que, "infelizmente", a Petrobras é "independente".

Até chegar às bombas dos postos de combustível, a gasolina passa por uma série de tributações. Uma delas é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é somada a outras cobranças como Cide, PIS/Pasep e Cofins. A porcentagem de impostos no preço final depende do preço entregue ao consumidor. "O percentual pode variar um pouco exatamente por causa do componente estadual do imposto (ICMS), mas certamente somente as contribuições federais (Cide, PIS e Cofins) são maiores que 25%. Nos estados, o ICMS varia entre 25 e 31%. Como estes custos são repassados ao consumidor, a soma dos impostos representa uma parcela grande no preço final", explicou o economista e sociólogo Vinícius do Carmo.

Não apenas o ICMS, mas os preços internacionais e a temperatura política do país também contam. "A grande razão para que o preço dos combustíveis estejam tão altos no Brasil é a desvalorização do real. É claro que a gasolina acompanha os preços internacionais, então, oscila de acordo com a variação do dólar. Contudo, a desvalorização do real tem prejudicado, acentuadamente, o impacto no preço dos combustíveis", explica o economista Ciro de Avelar.

Para o especialista, "isso ainda vem sendo acentuado pela instabilidade política e por uma possível ingerência sobre a Petrobras também. O próprio presidente dizer que não quer esse lucro para a União demonstra como ele sente o peso da responsabilidade e o peso da Petrobras na economia brasileira", concluiu Avelar.

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