O Ministério da Economia anunciou, ontem, a retomada de mais uma medida para tentar estimular a economia, que está afundando por causa do agravamento da pandemia do novo coronavírus. Os bancos poderão estender o prazo de carência das operações do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) de oito para 11 meses. Segundo o Ministério da Economia, as empresas que desejarem prorrogar a carência da linha do Pronampe devem procurar as instituições financeiras com as quais foram firmados os contratos de crédito.
Desde que entrou em vigor, no ano passado, o Pronampe liberou mais de R$ 37 bilhões e atendeu quase 520 mil micro e pequenos empreendedores. Os recursos foram usados para investimentos e capital de giro isolado ou associado ao investimento. As micro e pequenas empresas beneficiadas puderam usar os recursos na realização de investimentos ou para despesas operacionais.
Originalmente, o Pronampe permitiu que o empreendedor tomasse até 30% do seu faturamento anual em empréstimos com as seguintes condições: prazo de pagamento de 36 meses, carência de até oito meses e taxa de juros de, no máximo, a Selic mais 1,25% ao ano.
Pessimismo
Apesar do socorro financeiro proporcionado pelo Pronampe, o setor de micro e pequenas empresas segue fortemente abalado pelo pessimismo. Diante da crise econômica e do ritmo lento de vacinação no Brasil, a expectativa das micro e pequenas indústrias para a retomada da economia segue negativa. Segundo o Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, realizado pelo Datafolha, a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi), 69% da categoria consideram que a crise ainda é forte e afeta muito os negócios, sem expectativa para a retomada do crescimento.
Na avaliação do presidente do Simpi, Joseph Couri, a pesquisa reflete o aprofundamento da crise e seus impactos, como aumento das demissões, diminuição do poder de compra, queda na demanda e no consumo.
De acordo com o levantamento, apenas 27% dos entrevistados acreditam que o pior já passou e haverá retomada nos próximos meses. Enquanto isso, somente 1% aponta que o cenário negativo passou e não afeta mais os negócios.
A expectativa para a retomada da economia brasileira também é pessimista. Dentre as indústrias, 30% esperam que a situação do Brasil vai ficar como está. Para 38%, a expectativa é de melhora e 28% acreditam que o cenário vai piorar.
Em relação ao desemprego, de acordo com a pesquisa, 55% esperam um aumento no índice nos próximos meses e 29% acreditam que os números devem permanecer estáveis. Couri avalia que, se não houver um cenário positivo para as empresas, não haverá empregos.
O executivo também alerta sobre a importância do retorno imediato do auxílio emergencial para a melhora da economia. “Com os preços subindo muito acima da inflação, é necessário injetar dinheiro, crédito e incentivos na economia”, afirmou. De acordo com a pesquisa, 63% acreditam que a tendência é de aumento e apenas para 7% a inflação vai diminuir.
Segundo Couri, “estamos passando por um período de instabilidade da economia, e não há perspectivas de melhora”. Para ele, a única saída é a vacinação em massa. “Do contrário, continuaremos na incerteza quanto ao retorno às atividades nas empresas, que, mesmo de portas fechadas, precisam arcar com despesas fixas, tais como energia elétrica, locação, salários e outros”, disse.