Principal indicador da lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o Ibovespa zerou as perdas provocadas pela pandemia durante o ano, ao registrar alta de 1,34% e alcançar 116.149 pontos. Com o resultado, o índice passou a acumular alta de 0,44% em 2020. Em meio ao clima de bom humor no mercado financeiro, o dólar caiu 0,66% e fechou cotado a R$ 5,08 para venda.
No fim do ano passado, quando a B3 atingiu a histórica marca dos 120 mil pontos, a expectativa para 2020 era de ainda mais ganhos. Em fevereiro, algumas casas de análise renomadas, como o Bank of America, ainda falavam em um patamar próximo de 130 mil pontos ao fim deste ano. O resto da história é conhecida: o novo coronavírus chegou ao Brasil e o Ibovespa desabou para 62 mil pontos em março.
Os bancos centrais ao redor do globo fizeram a parte deles e injetaram dinheiro na economia, em forma de estímulos monetários, o que animou investidores no mercado financeiro. Por aqui, a taxa básica de juros (Selic) recuou à mínima histórica de 2% e deve ser mantida pelo menos até o início do ano que vem.
Otimismo
Rafael Ribeiro, da Clear Corretora, explica que o mercado está de olho nos Estados Unidos, onde um pacote de estímulos é discutido há meses entre republicanos e democratas, ainda sem acordo. A expectativa do pacote, somadas ao otimismo com o avanço das vacinas contra a covid-19, animou os investidores. “Aparentemente, os parlamentares americanos estão fechando um acordo que deve sair esta semana ou na semana que vem. Isso é importante, porque gera fluxo e liquidez no mundo inteiro e aumenta o apetite por risco”, comentou Ribeiro.
Para ele, o fluxo de compra de ações deve continuar. Mas o velho problema das contas públicas, especialmente diante dos gastos com a pandemia, pode desanimar investidores. “O mercado está comprador e deve seguir nesse ritmo, embora, talvez, sem o ímpeto de antes. Se, eventualmente, o governo der sinais de que está voltando atrás com relação ao compromisso fiscal, pode haver uma realização, mas o mercado agora está comprador. E nós não podemos ir contra isso, temos que surfar a onda”, diz o especialista.
Renan Silva, Bluemetrix Ativos, também destaca a tendência de alta e fala que é possível que ela se mantenha pelo menos no primeiro semestre de 2021, com a forte entrada de capital estrangeiro — que registrou recordes em novembro, com ingresso de R$ 33,3 bilhões na bolsa. “Fica claro que os investidores, principalmente os profissionais, já enxergam um cenário pós-covid, com a volta da atividade econômica após o início da vacinação. Há a percepção de que algumas empresas ainda estão com o preço muito atrativo. É uma oportunidade para aqueles investidores que pensam no longo prazo”, avaliou.
* Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo