
O padre Gabriel Romanelli, pároco da Igreja da Sagrada Família na cidade de Gaza, recordou, em conversa com o Vatican News, o último telefonema com o papa Francisco. O líder do Vaticano morreu às 2h35 de segunda-feira (21/4) devido a um acidente vascular cerebral e quadro de insuficiência respiratória.
No sábado, Francisco telefonou para o pároco de Gaza, o que pode ter sido o último telefonema do papa antes de morrer.
"O papa nos ligou pela última vez no sábado à noite, pouco antes de começar a Vigília Pascal, enquanto rezávamos o Rosário”, conta Romanelli. "Ele nos disse que estava rezando por nós, nos abençoou e nos agradeceu pelas orações em seu favor."
No dia seguinte à ligação, o pontífice deu o último recado ao público, em que pediu o cessar-fogo em Gaza. Era domingo de Páscoa e o papa apareceu na varanda da basílica de São Pedro, no Vaticano, para abençoar os fiéis.
“Sinto-me próximo dos cristãos que sofrem na Palestina e em Israel, bem como do povo israelita e palestiniano. É preocupante o crescente clima de antissemitismo que se está a espalhar por todo o mundo”, declarou. “E, ao mesmo tempo, o meu pensamento dirige-se ao povo, em particular, à comunidade cristã de Gaza, onde o terrível conflito continua a gerar morte e destruição e a provocar uma situação humanitária dramática e ignóbil. Apelo às partes beligerantes que cheguem a um cessar-fogo, que se libertem os reféns e se preste assistência à população faminta, desejosa de um futuro de paz!”
Francisco pediu ainda pelo desarmamento e destacou um desejo: "Gostaria que voltássemos a ter esperança de que a paz é possível!".
Segundo Romanelli, ele e o papa conversavam por ligação quase todas as noites. O padre, que, assim como Francisco, é argentino, agradeceu a Deus pela vida do pontífice, que descreveu como um pastor que amou e acompanhou a comunidade".
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"Esperamos que os apelos que ele fez, e também o último que ele teve forças para fazer há apenas algumas horas, sejam atendidos: que as bombas sejam silenciadas, que esta guerra termine, que os reféns e prisioneiros sejam libertados e que a ajuda humanitária à população possa ser retomada e chegar de forma consistente", pediu.
A Igreja da Sagrada Família, que fica na cidade de Gaza, ao norte da Faixa de Gaza, é a única paróquia católica latina no território.