
Arqueólogos do Museu de Viena, na Áustria, encontraram restos mortais de cerca de 129 soldados romanos em vala comum na capital austríaca. Além dos corpos, outros membros foram encontrados, o que indica que o número de pessoas pode chegar a 150. A descoberta ocorreu durante reforma de um campo de futebol no bairro de Simmering, em outubro, e os primeiros resultados das análises foram divulgados na última quarta-feira (2/4).
- Leia também: Revelada identidade do homem enterrado em Notre Dame
Informações divulgadas pelos especialistas do Museu afirmam que os destroços correspondem a "um evento catastrófico em um contexto militar". A descoberta dos destroços é extremamente rara, isso porque os romanos mantinham a prática de cremar os soldados mortos em combate até o século III d.C.
"Dentro do contexto dos atos de guerra romanos, não há achados comparáveis de combatentes, pessoas mortas. Há enormes campos de batalha na Alemanha, onde armas foram encontradas. Mas encontrar os mortos – isso é único em toda a história romana”, declarou Kristina Adler-Wölfl, chefe do departamento arqueológico da cidade de Viena.
Segundo a arqueóloga, é provável que os fósseis datem do século I d.C., mais previamente durante as campanhas do Danúbio, operação militar do imperador Domiciano, de 86 a 96 d.C, que tinha como alvo germânicos ao norte do rio Danúbio. “O que sabemos sobre essas guerras contra as tribos germânicas é que elas duraram um tempo relativamente longo e houve muitas batalhas diferentes”, destaca a especialista. “E provavelmente estamos olhando para uma dessas batalhas”.
Os soldados, todos homens de 20 a 30 anos, foram enterrados sem cerimônia em uma vala comum. Segundo a escavadora-chefe, Michaela Binder, a opção pelo enterro sugere que uma situação de insegurança e falta de tempo por conta das batalhas.
Além da idade, as análises identificaram que os homens tinham altura acima de 1,7m, considerados altos para a época. Todos tinham ferimentos de batalha, o que fez com que as pesquisas descartassem a hipótese de morte por execução.
Outro indício da nacionalidade foi encontrado nos pés de um dos soldados. “Ele tinha muitos cravos abaixo dos pés e esses cravos são típicos das caligae romanas, botas militares feitas de couro com cravos nas solas. Um alemão não usaria isso”, explicou Kristina Adler-Wölfl.
Mais análises de DNA devem ser feitas para determinar a origem dos outros soldados. Essa é a primeira evidência concreta dos combates no Danúbio e ajudam a explicar o povoamento de um acampamento romano importante na origem de Viena.