Estados Unidos

5 fatos sobre governo Trump revelados por falha de segurança militar em grupo de mensagens

Divergências entre vice-presidente J.D. Vance e Donald Trump foram uma das principais revelações das mensagens acessadas por jornalista.

5 fatos sobre governo Trump revelados por falha de segurança militar em grupo de mensagens -  (crédito: BBC Geral)
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5 fatos sobre governo Trump revelados por falha de segurança militar em grupo de mensagens - (crédito: BBC Geral)

Os Estados Unidos ainda estão digerindo uma grave falha de segurança ocorrida no centro do governo Donald Trump.

Trata-se da história de como um jornalista – Jeffrey Goldberg, da revista The Atlantic – foi adicionado a um grupo de mensagens da plataforma Signal que, aparentemente, incluía o vice-presidente americano, J.D. Vance, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, e o Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz.

O tema que estava sendo discutido era o ataque dos Estados Unidos aos houthis, o grupo iemenita apoiado pelo Irã.

Goldberg declarou ter observado planos militares secretos para os ataques, incluindo envios de armas, alvos e horários, duas horas antes que caíssem as bombas.

Mas, resumidamente, quais são as principais revelações do ocorrido?

1 - Vance questiona ideias de Trump

Goldberg relatou que a conta com o nome J.D. Vance escreveu, sobre a ação militar: "Acho que estamos cometendo um erro."

O vice-presidente declarou que o ataque às forças houthis que enfrentam navios no Canal de Suez atende mais aos interesses europeus do que aos Estados Unidos, já que a Europa detém o maior tráfego comercial pelo canal.

Vance destacou que seu chefe talvez não tivesse conhecimento de como as ações americanas poderiam ajudar a Europa.

"Não tenho certeza de que o presidente sabe como isso é inconsistente com sua mensagem sobre a Europa no momento", disse Vance. "Existe ainda o risco de vermos um pico de moderado a grave dos preços do petróleo."

O vice-presidente prosseguiu, segundo Goldberg, afirmando que ele apoiaria o consenso, mas preferiria atrasar o ataque em um mês.

Goldberg contou na sua reportagem que o porta-voz do vice-presidente enviou a ele uma declaração posterior, destacando que Trump e Vance haviam mantido "conversas subsequentes sobre este assunto e estão em completo acordo".

Desde que chegou ao poder, Trump vem censurando seus aliados europeus da Otan.

O presidente americano os forçou a aumentar seus gastos com a defesa e insiste frequentemente que a Europa precisa assumir a responsabilidade pela proteção dos seus interesses.

2 - Culpa da Europa 'parasita'

Os argumentos a favor do ataque militar contra os houthis e por que os Estados Unidos poderiam – e deveriam – entrar em ação não convenceram J.D. Vance.

O vice-presidente disse ao secretário da Defesa: "Se você acha que devemos fazer, vamos lá. Eu só odeio socorrer a Europa outra vez."

Hegseth respondeu: "Compartilho totalmente seu repúdio pelo parasitismo europeu. É PATÉTICO."

Um membro do grupo, identificado apenas como "SM", sugeriu que, após o ataque, os Estados Unidos deveriam "deixar claro para o Egito e a Europa o que esperamos em troca".

"Se a Europa não nos compensar, o que acontece?", perguntou ele. "Se os Estados Unidos restaurarem com sucesso a liberdade de navegação, com grandes custos, é preciso ter algum ganho econômico adicional extraído em resposta."

3 - Depois do ataque: emojis e orações

Goldberg indica que o chefe de Segurança Nacional dos Estados Unidos postou três emojis após o ataque: "um soco, uma bandeira americana e fogo".

O enviado especial americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, respondeu com cinco emojis, segundo Goldberg: "duas mãos rezando, um dos bíceps flexionado e duas bandeiras americanas".

Já o secretário de Estado, Marco Rubio, e a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, enviaram mensagens de apoio, segundo o jornalista.

"Farei uma oração pela vitória", declarou Vance, durante as atualizações sobre os ataques. E dois outros membros acrescentaram emojis de oração, segundo Goldberg.

4 - O controle da mensagem: a culpa é de Biden

Sobre as preocupações de Vance de que a ação pudesse ser considerada contrária às mensagens de Trump sobre a Europa, o secretário da Defesa dos Estados Unidos escreveu:

"VP: Entendo suas preocupações – e apoio totalmente que você as levante com POTUS [Trump]. Considerações importantes, a maioria delas difíceis de saber como irão se desenrolar (economia, paz na Ucrânia, Gaza etc.)."

"Acho que transmitir a mensagem será difícil, não importa o que aconteça – ninguém sabe quem são os houthis – e é por isso que precisaríamos nos concentrar em: (1) Biden fracassou e (2) o Irã financiou."

O governo Trump vem frequentemente culpando Joe Biden por ter sido leniente demais com o Irã.

5 - Waltz em destaque

Goldberg afirmou que recebeu um convite não solicitado na plataforma de mensagens Signal no dia 11 de março, de uma conta identificada como sendo de Michael Waltz. E foi adicionado ao grupo de bate-papo sobre o Iêmen dois dias depois.

O presidente não fazia parte deste grupo, mas sim os colaboradores mais próximos de Trump. Inicialmente, Goldberg achou que o grupo fosse falso, mas logo percebeu que era real.

Essa questão aumenta a pressão sobre Waltz, como conselheiro de Segurança Nacional. Deputados e senadores democratas pedem uma investigação urgente.

Questionado sobre o incidente na segunda-feira, Trump respondeu que não sabia de nada, mas defendeu Waltz. E o secretário da Defesa, Pete Hegseth, também declarou que nenhum segredo foi revelado.

"Ninguém estava divulgando planos de guerra", disse Hegseth aos jornalistas.

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BBC
Paulin Kola - Da BBC News
postado em 25/03/2025 17:29 / atualizado em 25/03/2025 22:29