
O governo da Malásia aprovou nesta quarta-feira (19/3) uma nova busca pelos destroços do voo MH370 da Malaysia Airlines, mais de uma década após o desaparecimento da aeronave.
A busca cobrirá uma área de 15 mil km² no Oceano Índico Meridional e será conduzida pela empresa de exploração Ocean Infinity. A empresa só será remunerada se encontrar o avião.
A Ocean Infinity receberá US$ 70 milhões (R$ 396 milhões) se os destroços forem encontrados, anunciou o ministro dos Transportes, Loke Siew Fook.
O voo MH370 desapareceu em 2014 com 239 pessoas a bordo, enquanto viajava de Kuala Lumpur, a capital malaia, para Pequim, na China.
Seu desaparecimento é um dos maiores mistérios da aviação mundial e continua a assombrar as famílias dos passageiros e tripulantes.
Apesar das extensas buscas nos anos seguintes ao seu desaparecimento, nenhum destroço foi encontrado. Esforços anteriores, incluindo uma busca multinacional que custou US$ 150 milhões (R$ 850 milhões), terminaram em 2017.
Os governos dos três países envolvidos — Malásia, Austrália e China — disseram que a busca só seria retomada "caso surgissem novas evidências plausíveis" sobre a localização da aeronave.
Uma busca em 2018 pelos destroços pela mesma Ocean Infinity, sob termos semelhantes, terminou sem sucesso após três meses.
Em dezembro de 2024, o governo da Malásia concordou, em princípio, em retomar a busca, argumentando que há novos indícios considerados "críveis".
No entanto, as negociações finais só foram concluídas agora em março.
A aprovação final da Malásia nesta quarta-feira agora permitirá que a busca seja iniciada.
"O governo está comprometido em continuar a operação de busca e em proporcionar um encerramento para as famílias dos passageiros do MH370", afirmaram as autoridades em um comunicado.
O desaparecimento
O voo MH370 decolou de Kuala Lumpur nas primeiras horas de 8 de março de 2014.
Menos de uma hora após a decolagem, perdeu a comunicação com o controle de tráfego aéreo, e os radares mostraram que a aeronave havia se desviado de sua rota planejada.
Investigadores geralmente concordam que o avião caiu em algum lugar no sul do Oceano Índico, embora o motivo do acidente ainda permaneça desconhecido.
Pedaços de destroços, acreditando-se serem da aeronave, foram encontrados nas costas do Oceano Índico nos anos seguintes ao seu desaparecimento.

O desaparecimento da aeronave gerou uma série de teorias da conspiração, incluindo especulações de que o piloto teria derrubado o avião deliberadamente e alegações de que ele teria sido abatido por uma força militar estrangeira.
Uma investigação em 2018 sobre o desaparecimento da aeronave concluiu que os controles do avião provavelmente foram manipulados deliberadamente para desviá-lo de sua rota, mas não chegou a uma conclusão definitiva sobre o motivo.
Os investigadores afirmaram na época que "a resposta só poderá ser conclusiva se os destroços forem encontrados".
Os passageiros incluíam pessoas de mais de uma dúzia de países: pouco menos de dois terços eram cidadãos chineses, seguidos por 38 malaios, com outros de países como Austrália, Indonésia, Índia, França, Ucrânia e EUA.
Familiares dos passageiros chineses desaparecidos do MH370 se reuniram com autoridades em Pequim no início de março para discutir a renovação da busca pelos destroços e expressar suas esperanças por uma busca independente.
Alguns parentes expressaram frustração pela falta de comunicação direta das autoridades malaias.
"Foi prometido que seríamos informados imediatamente, [mas] só conseguimos descobrir esse tipo de notícia pela internet", disse Li Eryou, um pai de 68 anos que perdeu o filho de 29 anos.
"Muitas famílias nem sabem como acessar essas informações, então estão completamente desinformadas", afirmou ele à agência de notícias AFP.
Familiares enlutados se reuniram em frente à embaixada da Malásia em Pequim no 11º aniversário do desaparecimento do voo, no início deste mês, entoando: "Devolvam-nos nossos entes queridos!"
Cheng Liping, cujo marido estava na Malásia para uma gravação de um filme e estava retornando à China no MH370, disse que esperava que Pequim se comunicasse mais com a Malásia para descobrir a verdade.
"Todos ficaram presos na dor", disse ela a jornalistas. "O que exatamente aconteceu ainda é desconhecido."
A nova busca provocou reações mistas das famílias dos passageiros quando foi anunciada em dezembro – com alguns considerando-a um passo em direção ao encerramento, enquanto outros descreveram que a notícia causou sentimentos conflitantes.
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