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Eduardo Bolsonaro anuncia que pediu licença do mandato para ficar nos EUA e tentar sanção a Alexandre de Moraes e anistia a Jair Bolsonaro

Diante das articulações promovidas pelo deputado brasileiro nos EUA, parlamentares petistas pediram ao STF que sua atuação fosse investigada por estar supostamente prejudicando o Brasil e que seu passaporte fosse retido.

Eduardo Bolsonaro anuncia que pediu licença do mandato para ficar nos EUA e tentar sanção a Alexandre de Moraes e anistia a Jair Bolsonaro -  (crédito: BBC Geral)
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Eduardo Bolsonaro anuncia que pediu licença do mandato para ficar nos EUA e tentar sanção a Alexandre de Moraes e anistia a Jair Bolsonaro - (crédito: BBC Geral)

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou em um vídeo publicado em suas redes sociais nesta terça-feira (18/3) ter tomado "a decisão mais difícil de sua vida".

Ele afirmou que vai se licenciar do mandato na Câmara para ficar nos EUA para se dedicar em tempo integral a convencer o governo Donald Trump a atuar pela anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro no país e para obter sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator do processo sobre golpe de Estado no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi denunciado.

"Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos", afirmou Eduardo, que chama Moraes de "psicopata", "homem de geleia" e o acusa de ser o chefe da "gestapo da Polícia Federal", em uma referência à polícia secreta da Alemanha nazista de Hitler.

Em pouco mais de um mês desde a posse de Trump, Eduardo foi aos EUA quatro vezes, em uma intensa campanha para que parlamentares americanos, empresários e integrantes da Casa Branca tomassem medidas públicas contra o governo brasileiro.

A campanha ocorre diante da possibilidade cada vez mais concreta que Bolsonaro, já inelegível até 2030, seja julgado pelo STF em breve. A Corte decidirá em 25 de março se o presidente se tornará réu após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República. Bolsonaro nega as acusações.

O trabalho de articulação de Eduardo resultou em uma nota do Departamento de Estado dos EUA acusando o Brasil de praticar censura pelas decisões do STF em relação a redes sociais como o X, do bilionário trumpista Elon Musk, e da Rumble, rede recentemente tirada do ar e cujos advogados processam Moraes em parceria com a Trump Media, empresa do presidente americano que controla a rede Truth Social.

Nos EUA, desde que voltou ao poder, Trump concedeu perdão presidencial a todos os envolvidos nos atos de 6 de janeiro e demitiu do Departamento de Justiça todos os envolvidos nas investigações dos atos.

Ele próprio era alvo de investigações por seu suposto papel de instigar a massa de trumpistas para tentar subverter o resultado da eleição de 2020, na qual foi derrotado.

Mas não chegou a ser julgado por ela e sempre negou as acusações. Trump acusa o Judiciário dos EUA de ter sido politicamente aparelhado e segue repetindo, sem provas, que a eleição de 2020 foi fraudada.

Diante da movimentação do deputado brasileiro nos EUA, parlamentares petistas pediram ao STF que sua atuação fosse investigada por estar supostamente prejudicando o Brasil e que seu passaporte fosse retido.

À BBC News Brasil, Eduardo negou que pedisse sanções ou tarifas contra os brasileiros, mas admitiu que tampouco fazia gestões para aliviá-las, concentrando sua pauta na defesa ao pai. Algo que ele reafirma agora, em seu vídeo.

Eduardo diz que a oposição a ele vinha tentando usar seu mandato "como um cabresto".

"Seria mais confortável ficar quieto, recebendo um excelente salário e fingindo defender os paulistas e meus irmãos brasileiros, do que enfrentar esse sistema covarde e desumano. Mas eu não aceitei esse chamado para ter conforto ou comodidade", disse Eduardo, que pleiteava o posto de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Eduardo viajou pela última vez aos EUA, com toda a família, durante o Carnaval. E não retornou mais ao Brasil. Seus aliados radicados no país, como o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo, vinham advogando para que ele não mais retornasse ao Brasil, porque haveria um risco de ele vir a ser preso.

O deputado não foi indiciado nem denunciado nas investigações referentes à tentativa de golpe de Estado que envolvem seu pai.

"Não é fácil saber que o meu pai pode ser injustamente preso e talvez eu jamais tenha a chance de reencontrá-lo pessoalmente de novo", diz Eduardo.

A BBC News Brasil entrou em contato com Eduardo Bolsonaro após a divulgação do vídeo, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

BBC
BBC Geral
postado em 18/03/2025 12:56 / atualizado em 18/03/2025 15:07