
Alvo de ataques aéreos lançados pelos EUA no sábado (15/3), os houthis acusaram o país de cometer "crimes de guerra" e ameaçaram escalar o conflito em resposta aos bombardeios.
O grupo rebelde apoiado pelo Irã controla o noroeste do Iêmen, país há uma década mergulhado em uma guerra civil, e há pouco mais de um ano vem atacando navios mercantes de bandeiras internacionais no Mar Vermelho, entre outras razões, em solidariedade aos palestinos por conta da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza.
A operação militar é a maior lançada pelos EUA desde a posse do presidente Donald Trump, que citou os ataques do grupo a embarcações no Mar Vermelho entre as justificativas para os bombardeios.
O republicano havia adicionado o grupo à lista do que os EUA consideram "organizações terroristas estrangeiras" dias depois de assumir a Casa Branca.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth disse no domingo (16/3) à rede de TV Fox News que a campanha contra os houthis deve se estender até que eles se desmobilizem completamente: "No momento em que os houthis disserem 'Pararemos de atirar contra seus navios', 'Pararemos de atirar contra seus drones', a campanha se encerra. Até lá, ela será implacável".
"Trata-se de colocar um fim nos disparos contra ativos naquela hidrovia tão importante, para retomar a liberdade de navegação, que é um interesse nacional central dos Estados Unidos, e o Irã tem capacitado os houthis por tempo demais", ele disse. "É melhor eles recuarem."
Em um comunicado, o gabinete político dos houthis disse estar preparado para enfrentar "escalada com escalada".
A Rússia — que é aliada do Irã, país que é apontado como um dos financiadores do grupo iemenita — se manifestou pedindo o fim dos ataques.
Em ligação com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, argumentou pela abertura de um diálogo político entre as partes, "para encontrar uma solução que evite mais derramamento de sangue".
Já o Irã condenou os bombardeios, classificando-os como uma "grande violação" da carta da ONU e do Direito internacional. O ministro das Relações Exteriores Iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que o governo americano não tinha "nenhuma autoridade nem direito de ditar a política externa iraniana".
"Coloque um fim no apoio ao genocídio e terrorismo empreendidos por Israel", o chanceler postou no X no domingo. "Pare de matar o povo iemenita."
O ministério da Saúde controlado pelos houthis divulgou que o número de mortos nos ataques chegou a 31 e que há 101 feridos.

Região estratégica para o comércio marítimo
Desde novembro de 2023 os houthis têm atacado navios mercantes no Mar Vermelho e no Golfo de Aden usando mísseis, drones e barcos pequenos.
Desde então, algumas embarcações chegaram a tentar atravessar a passagem protegidas por navios de guerra, estratégia que não chegou a deter o grupo imenita, assim como as operações militares empreendidas pelos EUA e pelo Reino Unido no ano passado.
Israel também vem realizando ataques aéreos contra os houthis desde o último mês de julho, em retaliação aos 400 mísseis e drones que os militares israelenses afirmam terem sido lançados no país a partir do Iêmen, a maioria dos quais foi abatida.
Desde o início da crise na região, grandes companhias de navegação foram forçadas a parar de usar a rota marítima que passa pelo Mar Vermelho — que concentra quase 15% do tráfego comercial marítimo global — e usar uma rota bem mais longa, passando pelo sul da África.
O Mar Vermelho está ligado ao Canal de Suez, a rota mais rápida entre Ásia e Europa, particularmente importante no transporte de petróleo e gás natural liquefeito (GNL).
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