MERCADO DE TRABALHO

Engenharia e saúde são as áreas mais ofertadas para imigrantes nos EUA

Política de deportação implementada no governo de Trump pode acarretar em problemas socioeconômicos no país, segundo especialista

Trump prometeu deportar todos os cerca de 11 milhões de imigrantes que residem nos EUA de forma ilegal -  (crédito: Freepik)
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Trump prometeu deportar todos os cerca de 11 milhões de imigrantes que residem nos EUA de forma ilegal - (crédito: Freepik)

A imigração nos Estados Unidos tem sido tema de debate desde a posse de Donald Trump e a política anti-imigração implementada pelo governo. No entanto, as políticas de deportação podem gerar um impacto direto na economia do país, principalmente com a escassez de mão de obra imigrante.

O mercado de trabalho norte-americano abrange funcionários imigrantes em diversos setores essenciais, saída que pode gerar desconforto social. O Correio pediu à Embaixada dos Estados Unidos dados de quantas pessoas registradas migraram legalmente para o país nos últimos anos e as respectivas áreas de trabalho, mas o órgão preferiu não se pronunciar. 

Mesmo sem um número consolidado pelo Serviço de Imigração Norte-Americana nos últimos cinco anos, Gabriel Del Bello, CEO da Gold Traduções — empresa focada em retirada de cidadanias e traduções juramentadas para imigrações —, revela que a maioria dos brasileiros recebe oferta de empregos nas áreas de saúde e engenharia nos EUA, o que o especialista explica como uma falta de profissionais qualificados de tais áreas no país.

No período pré-pandêmico, em 2019, a empresa levantou 6.606 vistos concedidos ao brasileiros para os EUA. Em comparação, 2022 registrou um aumento de quase 100%, passando para cerca de 12 mil vistos. Em 2023, o número manteve-se em aproximadamente 13 mil, enquanto o levantamento de 2024 não foi localizado. 

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"Esse aumento pode ser creditado principalmente no fator da busca por profissionais mais qualificados, onde há uma crescente demanda por profissionais mais especializados. Em um cenário onde a grande busca é por profissionais das áreas de engenharia e saúde, os brasileiros se destacam muito. São pessoas com uma qualificação muito alta nessas áreas, e que são economicamente vantajosos para empregadores norte-americanos”, explica Del Bello.

O especialista antecipa que políticas de incentivo a imigração qualificada sejam ampliadas para atrair mais profissionais para o país, valorizando fatores de mérito e especialização, em comparação com a deportação em massa aplicada a famílias que vão para os EUA sem uma oferta profissional definida, apenas em busca de uma melhoria de vida. Muitos pais serão deportados enquanto os filhos, nascidos nos EUA, poderão permanecer no país, cenário que desestrutura núcleos familiares e cria desafios emocionais e logísticos.

“(A política de deportação de Trump) É uma realidade que se impõe como um grande desafio, tanto para o imigrante quanto para a população local. Todos os países têm as próprias políticas de imigração que devem ser seguidas. Porém, um fluxo de deportação massivo (em um país como EUA) pode e já está trazendo grandes dificuldades internas naquele país, principalmente na ocupação de empregos. O que desacelera algumas indústrias da economia, além de que coloca a imagem do imigrante em um lugar desfavorável na sociedade, canalizando para ele possíveis problemas sociais”, completa Del Bello.

 

Bianca Lucca
postado em 20/02/2025 16:40