Em entrevista exclusiva ao Correio, Basem Naim — chefe do Departamento Político do movimento extremista islâmico Hamas — afirmou que o acordo de cessar-fogo firmado com Israel, sob a mediação de EUA, Egito e Catar, "não é o melhor resultado possível". "Desde o primeiro dia, nós tentamos obter um cessar-fogo para deter a agressão contra nosso povo. No entanto, Netanyahu e seu governo se envolveram em procrastinação e em manobras políticas para obstruir o acordo", declarou. Ele disse esperar que os mediadores internacionais garantam que Israel implemente o plano, mas afirmou que a facção está "acostumada" com o fato de "Israel não honrar seus compromissos ou acordos". Naim sugeriu a participação do Hamas em uma eleição para controlar a Palestina. "O Hamas é parte do povo palestino, representa a maioria, e tem o direito de participar na gestão dos seus assuntos, ao lado de outras facções palestinas, com base em eleições livres e transparentes", disse.
Como analisa o acordo firmado com Israel?
Certamente, o acordo que alcançamos hoje (ontem) não é o melhor resultado possível, nem tudo aquilo que esperamos. Desde o primeiro dia, nós tentamos obter um cessar-fogo para deter a agressão contra nosso povo. No entanto, Netanyahu e seu governo se envolveram em procrastinação e em manobras políticas para obstruir o acordo, o que nos custou milhares de vidas nocentes e destruição disseminada.
O que o Hamas espera em relação ao futuro da Faixa de Gaza depois da libertação dos reféns?
O que aspiramos agora é a adesão de Israel à implementação do acordo e que os mediadores garantam que isso ocorra. Estamos acostumados com o fato de Israel não honrar seus compromissos ou acordos. Acreditamos que, nessa batalha, frustramos todos os objetivos que Israel buscava alcançar, quer fosse esmagar a resistência, deslocar a população ou recuperar à força os nossos prisioneiros (reféns). Isso é algo significativo em relação ao futuro da ocupação israelense.
De que modo vê a articulação para a soltura dos prisioneiros palestinos?
A libertação dos prisioneiros é nosso dever como povo que luta pela liberdade e pela independência. Esperamos que a soltura de mihares dos prisioneiros da ocupação israelense tenha, sem dúvida, efeitos positivos sobre o nosso povo.
Qual será o papel do Hamas na Palestina no pós-guerra?
O Hamas permanecerá comprometido com a defesa de seu povo, até que a liberdade e a independência sejam alcançadas. Também contribuiremos com a reconstrução da Faixa de Gaza. O Hamas é parte do povo palestino, representa a maioria, e tem o direito de participar na gestão dos seus assuntos, ao lado de outras facções palestinas, com base em eleições livres e transparentes.