COREIA DO SUL

Como foi grande operação que conseguiu prender presidente da Coreia do Sul

Yoon Suk-yeol, acusado de insurreição por ter declarado lei marcial em dezembro, é o primeiro presidente sul-coreano na história a ser preso.

O presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, foi preso pela polícia sul-coreana nesta terça-feira (14/01 no Brasil, quarta-feira 15/01 em horário local) após horas de tensão em torno da residência presidencial em Seul.

Yoon, que está sendo investigado por insurreição por ter declarado a lei marcial no início de dezembro, é o primeiro presidente sul-coreano na história a ser preso.

A operação para prendê-lo durou quase seis horas — das 4h20, horário local, até depois das 10h.

Mais de 1.000 policiais e agentes anticorrupção que chegaram à residência presidencial foram recebidos por multidões a favor e contra Yoon.

Esta foi a segunda tentativa de prisão de Yoon Suk-yeol.

Em 3 de janeiro, mais de 150 policiais tentaram durante horas prendê-lo, mas foram superados em números — primeiro por uma multidão de apoiadores do presidente que se reuniu em torno da residência, e depois por uma parede humana de guarda-costas dentro da propriedade.

Na ocasião, representantes da operação afirmaram que a situação era "impossível" e que havia preocupação com a segurança dos agentes envolvidos.

O impeachment de Yoon Suk-yeol foi aprovado pelo Parlamento em 14 de dezembro. Entretanto, o impeachment ainda precisa ser confirmado ou rejeitado pelo Tribunal Constitucional.

REUTERS/Kim Hong-Ji
Policiais e autoridades deixam a região da residência oficial do presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol após sua prisão, em Seul

O julgamento começou nesta segunda-feira (13/01), mas terminou quatro minutos depois, porque o presidente afastado não estava presente.

Por isso, os promotores argumentaram que não havia outra alternativa senão a prisão.

Quando a lei marcial é declarada, atividades políticas como manifestações e comícios são proibidas, greves e movimentos trabalhistas são vetados, e atividades da mídia e de editoras passam a ser controladas pelas autoridades. Quem descumprir as regras pode ser preso ou detido sem mandado.

Desde a aprovação do impeachment no Parlamento, Yoon permaneceu trancado na residência presidencial, protegido pela guarda presidencial, recusou-se a cooperar com as autoridades e ignorou todas as convocações para depor.

Fora da residência oficial, dois grupos de manifestantes competiam entre si na véspera da prisão.

Os oponentes de Yoon gritavam "prendam-no", enquanto seus apoiadores gritavam o nome do presidente afastado.

Houve fortes aplausos do lado contrário a Yoon quando foi noticiado que a polícia conseguiu entrar no complexo presidencial — depois de romper os bloqueios feitos com ônibus colocados pela segurança presidencial.

A crise política da Coreia do Sul colocou dois segmentos do poder um contra o outro: os policiais e agentes da lei, armados com um mandado de prisão legal que pretendiam executar; e a equipe de segurança presidencial, que argumentava ter o dever de proteger o presidente.

Ambos afirmavam seguir as leis e o Estado de direito, enquanto o confronto continuava.

Antes da prisão de Yoon, o chefe interino do Serviço de Segurança Presidencial, Kim Sung-hoon, foi preso.

Tentativa fracassada de impor lei marcial

Yoon, um importante promotor que se tornou político, chegou ao poder depois de ganhar popularidade entre eleitores conservadores — graças a um projeto de governo antifeminista e linha-dura em relação à Coreia do Norte.

Mas, depois de se tornar presidente em 2022, ele se viu envolvido em escândalos pessoais e confrontado por uma oposição cada vez mais poderosa.

À medida que os seus problemas políticos aumentavam, Yoon declarou a lei marcial, mergulhando a Coreia do Sul, um país com uma democracia estável há 40 anos, no caos político.

A sua aposta revelou-se um fracasso, levando ao seu afastamento pelo Parlamento e a investigações criminais.

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