VIOLÊNCIA SEXUAL

Campanha busca reconhecer a luta de Gisèle Pelicot com o Nobel da Paz

Francesa quebrou o silêncio ao testemunhar publicamente em julgamento que condenou o ex-marido e outros 50 homens por estuprá-la

Ativista destaca que Gisèle rompeu o
Ativista destaca que Gisèle rompeu o "nevoeiro de desinformação", que culpabiliza e desampara vítimas nos casos de violência sexual - (crédito: AFP)

Um abaixo-assinado endereçado ao Comitê Nobel faz campanha para que a francesa Gisèle Pelicot receba o Prêmio Nobel da Paz. A ativista assumiu papel central na luta pelo feminismo e contra a violência sexual ao quebrar o anonimato em julgamento que condenou o ex-marido e outros 50 homens por estupro contra ela.

 

No texto da campanha, a ativista Catherine Mayer destaca que Gisèle rompeu o "nevoeiro de desinformação", que culpabiliza e desampara vítimas nos casos de violência sexual. “Após a sentença ser proferida, ela disse: ‘Quero que vocês saibam que compartilhamos a mesma luta. Quando abri as portas deste julgamento ... quis que toda a sociedade fosse testemunha dos debates que ocorreram aqui ... Agora tenho confiança na nossa capacidade de encontrar um futuro melhor, onde todos, mulheres e homens, possam viver em harmonia, com respeito e compreensão mútua’”, escreveu. 

A petição, disponível no site change.org busca chegar a 50 mil assinaturas. Segundo o texto do abaixo-assinado, a violência sexual é um dos maiores desafios para a paz. “Utilizada como arma de guerra, também desfigura o que se passa por paz a cada minuto de cada dia em todas as partes do mundo”, escreve. 

Julgamento

Durante três meses, holofotes do mundo todo estiveram voltados para o julgamento de Dominique Pelicot, 72 anos, e outros 50 homens. O criminoso foi condenado a 20 anos de prisão por dopar a própria esposa e praticar estupro coletivo contra ela junto a homens recrutados em site. O crime aconteceu durante uma década. 

A presença de Gisèle durante todo o tribunal fez com que ela se tornasse um importante símbolo da luta contra a violência de gênero. Ao se pronunciar publicamente, a francesa fez com que a vergonha, sentimento que acomete muitas vítimas de violência sexual, mudasse de lado. 

Na última quinta-feira (9/1), o Ministério Público da França indiciou o dono do site de encontros utilizado para recrutar os homens, o italiano Isaac Steidl. Entre os crimes, ele é investigado por rufianismo agravado — crime sexual popularmente chamado de cafetinagem — e administração de site para facilitar transações ilegais em organização criminosa. A plataforma foi desativada há seis meses. 

Gabriella Braz
postado em 10/01/2025 12:35 / atualizado em 10/01/2025 12:38
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