AFEGANISTÃO

Talibã proíbe janelas com vista para locais usados por mulheres

Em construções já existentes, donos devem construir muros para tampar a visão das janelas

Soldados do talibã na fronteira com o Paquistão: aumento de violência e repressão no local  -  (crédito: Ahmad SAHEL ARMAN / AFP)
Soldados do talibã na fronteira com o Paquistão: aumento de violência e repressão no local - (crédito: Ahmad SAHEL ARMAN / AFP)

Há três anos no poder no Afeganistão, o Talibã emitiu decreto que proíbe janelas com vistas para locais frequentados por mulheres no país. A lei assinada pelo líder Hibatullah Akhundzada publicada na última semana e determina a proibição de janelas que estejam voltadas para áreas cotidianamente frequentadas por mulheres, como cozinha e pátio. 

Segundo o decreto, o cidadão que for construir um prédio próxima à residência de outra pessoa não pode abrir janelas voltadas na direção do vizinho. Caso já tiver construído a estrutura, o indivíduo deve erguer um muro ou construir outra estrutura que possa bloquear a visão. 

Os órgãos municipais e outras autoridades competentes devem fiscalizar o cumprimento das normas. 

Em setembro, o governo do Talibã já havia emitido uma série de 35 medidas que restringem os direitos femininos no país. De acordo com as novas leis, as mulheres estão proibidas de falarem em público. As vozes das afegãs estão vetadas em todos os espaços fora de casa, o que proíbe ainda a participação em apresentações e recitais. 

O direito à educação também foi cerceado. No país, as escolas estão proibidas de aceitarem mulheres acima de 12 anos.

O grupo fundamentalista islâmico Talibã esteve no comando do Afeganistão entre 1996 e 2001, quando foi derrubado em operação militar liderada pelos Estados Unidos. De volta ao poder em 2021, o Talibã declarou que faria um governo mais brando em relação às mulheres do país. No entanto, o governo afegão segue sem representação feminina e já emitiu uma série de medidas consideradas repressivas, como a obrigatoriedade do uso do hijab, véu islâmico, cobrindo todo o rosto.

 

Gabriella Braz
postado em 02/01/2025 18:28 / atualizado em 02/01/2025 18:36
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