As caixas-pretas da aeronave da Azerbaijan Airlines que caiu no Cazaquistão em 25 de dezembro chegaram ao Brasil na terça-feira (31/12). Ao todo, 38 pessoas morreram no acidente. A informação foi divulgada pela Força Aérea Brasileira (FAB). O Correio entrou em contato com a instituição para buscar mais detalhes sobre o processo, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Os gravadores de voo serão analisados em Brasília, no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A análise do material será feita no território brasileiro por ser a terra natal da empresa fabricante da aeronave, a Embraer.
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Trabalharão no material três pesquisadores brasileiros, bem como três do Azerbaijão e três da Rússia. Segundo a FAB, todos acompanharão o processo de degravação dos dados com o uso de tecnologias de animação em realidade virtual em três dimensões (3D). Dessa forma, será possível visualizar de maneira completa a trajetória da aeronave, velocidade, altitude, funcionamento de sistemas e da atuação dos comandos de voo.
Após a análise, os dados extraídos dos gravadores serão enviados para a Autoridade de Investigação de Acidentes Aeronáuticos do Cazaquistão.
Relembre o acidente
O voo J2-8243 da Azerbaijan Airlines caiu na quarta-feira (25/12) perto de Aktau, no Cazaquistão, no momento em que drones ucranianos atacavam o sul da Rússia.
De acordo com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, a Rússia teria atirado na aeronave e mentido sobre as causas da tragédia.
"Nosso avião foi derrubado por acidente", disse o presidente à televisão estatal do país. Aliyev acrescentou que a aeronave sofreu algum tipo de bloqueio eletrônico e em seguida foi alvejada enquanto se aproximava do território russo.
De acordo com o presidente, nos três primeiros dias após o incidente, o Azerbaijão ouviu "apenas versões absurdas vindas da Rússia". O país teria atribuído a queda a pássaros ou à explosão de cilindros de gás.
"Fomos testemunhas de tentativas claras de encobrir o assunto", completou Aliyev, que tem laços estreitos com a Rússia e inclusive estudou em uma das principais universidades de Moscou. O presidente disse querer que os russos assumissem a culpa pelo abatimento da aeronave e punisse os responsáveis por tal ato.
Vladimir Putin, presidente russo, se desculpou no sábado (28/12) pelo "incidente trágico", mas não assumiu nenhum tipo de culpa ou autoria pelo ataque ao avião. O líder disse apenas que uma investigação foi aberta.