Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, afirmou neste domingo (22/12) que vai exigir que o Canal do Panamá seja devolvido "por completo, rapidamente e sem questionamentos", se o país centro-americano não reduzir as tarifas sobre o uso da passagem.
Trump acusou o Panamá de cobrar "preços exorbitantes" de embarcações comerciais e navais americanas.
"As tarifas cobradas pelo Panamá são ridículas, extremamente injustas", declarou Trump a uma plateia de apoiadores no Arizona.
"Essa exploração completa do nosso país vai parar imediatamente", afirmou, referindo-se ao início de seu mandato no próximo mês.
A declaração representou um raro exemplo de um líder dos EUA sugerindo que poderia pressionar um país a ceder território — embora Trump não tenha explicado como faria isso.
A fala também sinaliza possíveis mudanças na política externa e diplomacia americana após sua posse, marcada para 20 de janeiro.
As declarações de Trump geraram uma resposta rápida do presidente do Panamá, José Raúl Mulino, que afirmou que "cada metro quadrado" do canal e das áreas ao redor pertence ao seu país.
Mulino reforçou que a soberania e a independência do Panamá não são negociáveis.
Trump fez os comentários durante um evento da Turning Point USA, um grupo ativista conservador que desempenhou um papel significativo em sua campanha presidencial de 2024.
Qual a importância do Canal do Panamá
As declarações de Trump foram feitas um dia após uma publicação na qual o presidente eleito classificou o Canal do Panamá como um "ativo nacional vital" para os EUA.
Com 82 km de extensão, o Canal do Panamá atravessa o país centro-americano e é a principal ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Construído no início do século 20, a passagem esteve sob controle dos EUA até 1977, quando tratados internacionais iniciaram a transferência gradual do território ao Panamá. Após um período de administração conjunta, o Panamá assumiu o controle total em 1999.
Cerca de 14 mil embarcações atravessam o canal anualmente, incluindo navios porta-contêineres transportando automóveis, gás natural e outras mercadorias, além de embarcações militares.
Além do Panamá, Trump também criticou Canadá e México, acusando-os de práticas comerciais desleais e de permitir a entrada de drogas e imigrantes nos EUA. No entanto, elogiou a presidente do México, Claudia Sheinbaum, chamando a mandatária de "mulher maravilhosa".
Trump retoma temas recorrentes
Trump discursou para milhares de pessoas na conferência anual da Turning Point, um dos maiores encontros de ativistas conservadores nos Estados Unidos.
O grupo investiu esforços para mobilizar eleitores em estados-chave durante a campanha, buscando fortalecer Trump e outros candidatos republicanos.
Este foi o primeiro discurso de Trump desde a aprovação, pelo Congresso, de um acordo para manter o governo americano funcionando. O pacto, no entanto, excluiu várias disposições, incluindo uma que aumentaria o limite da dívida pública do país.
Trump havia apoiado o aumento do teto da dívida, que limita o valor que o governo dos EUA pode tomar emprestado.
Contudo, ele evitou abordar o tema em seu discurso, concentrando-se em relembrar sua vitória eleitoral e nos tópicos recorrentes de sua campanha, como imigração, criminalidade e comércio exterior.
Ele também mencionou Elon Musk.
"Vocês sabem, eles inventam novas histórias", disse. "A última é que o presidente Trump cedeu a presidência para Elon Musk."
"Não, isso não vai acontecer", afirmou. "Ele não será presidente."
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