O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, impôs lei marcial de emergência nesta terça-feira (3/12) para proteger o país de "forças comunistas". O parlamento do país está fechado e atividades políticas proibidas até segunda ordem.
Segundo Yoon, a medida foi decretada "para salvaguardar uma Coreia do Sul liberal das ameaças representadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e eliminar elementos antiestatais".
Semelhante ao estado de sítio no Brasil, a lei marcial proíbe atividades políticas, coloca veículos de imprensa sob controle do Estado e ordena que médicos em greve voltem ao trabalho em até 48 horas.
Segundo a lei sul-coreana, a lei marcial pode ser decretada com a finalidade de "cumprir a necessidade militar ou manter a segurança e a ordem públicas" em casos em que a ordem social estiver perturbada. O decreto vale para "tempos de guerra, incidente ou outra emergência nacional equivalente".
A lei marcial foi anunciada após o Partido Democrata, de oposição, aprovar projeto de lei de redução orçamentária no comitê parlamentar de orçamento e apresenta moções de impeachment contra um auditor estadual e o promotor-chefe.
Luta pela democracia
Embora tenha se tornado um modelo de democracia oriental em contraponto com a vizinha Coreia do Norte, a Coreia do Sul tem uma história permeada pela militarização e domínio estadunidense. Após a Guerra da Coreia, na década de 1950, o território nasce como uma vitrine do capitalismo na Ásia sob forte comando militar dos Estados Unidos.
Após a saída dos militares, o país continua a ser dominado por representações norte-americanas. Em 1960, após uma revolução que tirou os EUA do poder, a Coreia do Sul ensaia uma transição democrática, quando é novamente dominada por um regime ditatorial.
As eleições diretas no país só ocorreram em 1987, semelhante ao Brasil, que teve o primeiro pleito nacional pós-ditadura militar, em 1989.