ESTADOS UNIDOS

EUA deporta para a Colômbia cofundador do Cartel de Medellín

Fabio Ochoa Vásquez, que é ex-sócio de Pablo Escobar, foi deportado, após cumprir pena de mais de 20 anos

Fabio Ochoa Vásquez, que é ex-sócio de Pablo Escobar, foi deportado, após cumprir pena de mais de 20 anos -  (crédito: Bandeira dos Estados Unidos - Brett Sayles no Pexels)
Fabio Ochoa Vásquez, que é ex-sócio de Pablo Escobar, foi deportado, após cumprir pena de mais de 20 anos - (crédito: Bandeira dos Estados Unidos - Brett Sayles no Pexels)

Fabio Ochoa Vásquez, um dos fundadores do Cartel de Medellín e ex-sócio de Pablo Escobar, foi deportado, nesta segunda-feira (23), para a Colômbia, após cumprir pena de mais de 20 anos de prisão nos Estados Unidos, informou a autoridade migratória colombiana.

Sem contas pendentes com a justiça de seu país, o ex-chefão do tráfico, de 67 anos, desembarcou no aeroporto de Bogotá, vestindo um suéter esportivo, segundo foto publicada pelo serviço migratório da Colômbia na rede X.

Em 3 de dezembro, ele foi libertado da prisão nos Estados Unidos, onde, em 2003, foi condenado a 30 anos e cinco meses de prisão e multado em US$ 25.000 (77 mil reais em valores da época) por fazer parte de uma organização que contrabandeou, em média, 30 toneladas de cocaína por mês para o país entre 1997 e 1999.

Naquela época, Escobar, o chefão das drogas mais procurado do planeta, já havia sido morto pela polícia colombiana em 1993. 

Fabio é o mais jovem do poderoso "clã Ochoa", formado por um pecuarista milionário e seus três filhos, aliados de "El Patrón", como Escobar era conhecido, no tráfico de drogas para a América do Norte e em sua sangrenta guerra contra o Estado na década de 1990. 

Dos fundadores do que se tornou a maior organização de narcotráfico do mundo, apenas ele e Carlos Lehder foram extraditados para os Estados Unidos. "Rambo", como Lehder era conhecido, foi libertado em 2020 e viajou para a Alemanha devido à sua dupla nacionalidade. 

Ochoa se entregou à Justiça colombiana em 1990, de acordo com uma lei especial emitida pelo governo do então presidente César Gaviria (1990-94), que previa penas reduzidas e a não extradição de criminosos que se entregassem, confessassem seus crimes e delatassem seus comparsas.

Ele foi libertado em 1996 após cumprir pena de quase seis anos na prisão de segurança máxima de Itagüí, perto de Medellín, de onde é natural.

No entanto, voltou a traficar e foi preso novamente em outubro de 1999 como parte da multinacional "Operação Milênio", que levou à prisão de dezenas de supostos chefes do tráfico.

Após sua extradição, em 2001, vários membros do cartel testemunharam contra Ochoa depois de chegarem a um acordo com o Gabinete do Procurador Geral dos EUA.

"Um extraditável" nos EUA

Ochoa recebeu o benefício de uma sentença reduzida, de acordo com relatos da imprensa no ano passado.  

Os membros do Cartel de Medellín serviram de inspiração para personagens de séries de televisão, filmes e livros.

Na década de 1990, a Colômbia estava à beira do abismo devido ao terror dos cartéis, que usavam carros-bomba, assassinatos e ataques para pressionar as autoridades a não permitir sua extradição para os EUA.

"Um túmulo na Colômbia é preferível a uma cela nos EUA", era o lema de "Os Extraditáveis", um apêndice do Cartel de Medellín.

Ochoa também pertenceu ao grupo MAS (Morte aos Sequestradores), criado na Colômbia na década de 1980 após o sequestro de sua irmã, Martha Nieves Ochoa, pelo M-19, o extinto grupo guerrilheiro nacionalista de base urbana.

O MAS está na origem dos paramilitares, esquadrões de extrema-direita que enfrentaram os guerrilheiros, em associação com alguns membros das forças de segurança.

De acordo com seus advogados, durante seus anos na prisão, Ochoa dedicou-se à invenção de dispositivos relacionados à geração de energia limpa.

Apesar da morte e prisão dos líderes do Cartel de Medellín, a Colômbia continua sendo o maior exportador de cocaína do mundo. Noventa e sete por cento da cocaína que entra nos Estados Unidos vêm do país sul-americano.

De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, divulgado em outubro, a produção de cocaína no país aumentou 53% em 2023, chegando a 2.600 toneladas.

Agência France-Presse
AF
postado em 23/12/2024 20:51
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