O governo francês indicou nesta segunda-feira (9) que estuda suspender as solicitações de asilo de cidadãos sírios em curso de resolução, no dia seguinte à queda do governo de Bashar al-Assad na Síria após uma surpreendente ofensiva rebelde.
"Uma decisão deve ser tomada nas próximas horas", indicou o Ministério do Interior francês, depois que cinco países europeus - Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Noruega - já anunciaram a suspensão.
Em 2023, a França registrou mais de 4.000 solicitações de asilo de cidadãos sírios, segundo os últimos numeros do Escritório Francês de Proteção de Refugiados e Apátridas (Ofpra), encarregado de examinar os pedidos.
O anúncio do Ministério do Interior, liderado pelo conservador Bruno Retailleau, contrasta com as declarações feitas horas antes pelo chanceler francês centrista, Jean-Noël Barrot, sobre quando os refugiados poderiam retornar à Síria.
"A França tornou o retorno dos refugiados algo condicional, ou pelo menos disse que seu retorno só poderia ocorrer se eles pudessem retornar à Síria com segurança, já que isso ainda não está totalmente garantido", disse ele.
A chegada de migrantes se tornou uma questão delicada na Europa, especialmente desde a crise migratória de 2015, com a chegada de dezenas de milhares de refugiados, incluindo sírios que fugiam da guerra em seu país.
Paralelamente, os países da União Europeia (UE) têm visto um aumento dos partidos de extrema direita, impulsionados pela retórica anti-imigração, como o partido Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen na França.
O presidente do RN, Jordan Bardella, alertou sobre "o risco de uma avalanche de migrantes" após a queda do ditador sírio, declarações que representam um "absurdo absoluto" para o chanceler francês.
A suspensão dos pedidos de asilo em andamento ocorre horas depois que uma coalizão de rebeldes liderada pela organização islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS) tomou Damasco e pôs fim a cinco décadas da dinastia Al Assad.
A Síria estava mergulhada em uma guerra civil desde 2011, quando o governo de Assad reprimiu ferozmente uma onda de protestos pacíficos, levando a um conflito que deixou 500.000 pessoas mortas e forçou metade do país a fugir de suas casas.