O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (8) que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, está disposto a alcançar um "acordo" para acabar com a guerra com a Rússia, depois que os dois se reuniram em Paris para falar sobre o conflito.
O presidente da França, Emmanuel Macron, atuou como mediador em um diálogo de três partes com Zelensky e Trump no Palácio do Eliseu no sábado (7), em um contexto de medo em Kiev sobre a posição que o próximo governo americano adotará em relação ao conflito.
Durante a reunião, Zelensky destacou que a Ucrânia precisa "de uma paz justa e duradoura, uma que os russos não sejam capazes de destruir em alguns anos", afirmou o presidente ucraniano neste domingo.
Trump critica abertamente a ajuda militar que os Estados Unidos fornecem à Ucrânia, da ordem de bilhões de dólares, e em uma oportunidade afirmou que poderia acabar com o conflito em 24 horas, sem revelar como.
"Zelensky (...) e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e parar a loucura", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.
"Deve haver um cessar-fogo imediato e as negociações devem começar. Muitas vidas são desperdiçadas desnecessariamente, muitas famílias destruídas e, se isso continuar, pode virar algo muito maior e muito pior", completou.
Zelensky anunciou neste domingo que 43.000 soldados ucranianos morreram e 370.000 ficaram feridos desde o início do conflito, desencadeado pela invasão russa da Ucrânia no final de fevereiro de 2022.
"Garantias de segurança fortes"
O governo ucraniano teme que, para alcançar a paz, Trump exija que Kiev faça concessões significativas a Moscou. Zelensky insistiu que qualquer acordo com a Rússia deve ser "justo".
"O mais importante é uma paz justa e garantias de segurança, garantias de segurança fortes para a Ucrânia", afirmou Zelensky, em uma declaração divulgada no site da Presidência ucraniana.
Zelensky agradeceu a Trump por sua "firme determinação" e disse que a conversa no Palácio do Eliseu foi "boa e frutífera".
O encontro de Zelensky com Trump, pouco antes de ambos assistirem à reabertura da Catedral de Notre-Dame de Paris, foi a primeira reunião presencial entre ambos desde que o republicano venceu as eleições presidenciais, em 5 de novembro.
A viagem de Trump foi a primeira visita internacional do presidente eleito desde sua vitória eleitoral.
Os aliados europeus conseguiram uma colaboração muito próxima com o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na crise no Oriente Médio.
Mas a chegada de Trump à Casa Branca pode mudar o rumo, caso o futuro presidente opte por um distanciamento dos europeus e por fortalecer ainda mais os laços com Israel.
Novo pacote de ajuda
Poucas horas após a reunião entre Macron, Zelensky e Trump, Joe Biden anunciou uma nova ajuda militar para a Ucrânia, de 988 milhões de dólares (6 bilhões de reais).
O pacote inclui drones, munições para o sistema de lançamento de foguetes HIMARS, além de equipamentos e peças de reposição para sistemas de artilharia, tanques e veículos blindados, informou o Pentágono.
No campo de batalha, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que Moscou derrubou 46 drones ucranianos na noite de sábado nas regiões fronteiriças e no sul da Rússia.
As autoridades russas também anunciaram que suas tropas conquistaram a localidade de Blahodatne, no leste da Ucrânia, confirmando o avanço do exército de Moscou na frente leste.