Rebeldes, liderados pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (em português, Organização para a Libertação do Levante) cercaram a cidade estratégica de Homs, nos arredores de Damasco, capital da Síria. Eles anunciaram que está próximo o fim do governo do presidente Bashar al-Assad, no poder há 24 anos. Porém, o governo avisou que mantém as tropas e que não há intenção de abrir mão do poder. Rebeldes ocupam também lugares táticos em Damasco, como prédios públicos.
"Nossas forças começaram a fase final do cerco à capital, Damasco", afirmou o comandante rebelde Hasan Abdel Ghani, que faz parte da aliança Hayat Tahrir al Sham (HTS), que iniciou a ofensiva na semana passada. “Há um cordão militar e de segurança muito forte nos arredores de Damasco e no interior”, disse o ministro do Interior da Síria, Mohamed al-Rahmun. “Ninguém (...) pode penetrar nessa linha de defesa que nós, as Forças Armadas, estamos erguendo”, acrescentou ele, negando a eventual fuga de Assad.
As forças de Assad têm apoio militar da Rússia e do Irã, nos 13 anos quando eclodiu o confronto na região, deixando 500 mil mortos. Para o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, é "inaceitável" que o território sírio caia nas mãos de "terroristas". O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, cujo país apoia facções aliadas do HTS, expressou o desejo de que a Síria encontre "a paz e a tranquilidade com que sonha há 13 anos".
Já o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que seu país "não deve se envolver" no conflito.Rebeldes ocupam também lugares táticos em Damasco, como prédios públicos. “A Síria está uma bagunça, mas não é nossa amiga, e os Estados Unidos não devem ter nada a ver com isso. Essa luta não é nossa. Vamos deixar (a situação) se desenvolver. Não vamos nos envolver”, escreveu o futuro presidente dos Estados Unidos alguns minutos antes de sua reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris.
A ONG Observatório Sirio para os Direitos Humanos (OSDH) informou que as forças governamentais perderam nas últimas horas o controle da província de Daraa, no sul, e abandonaram posições em Quneitra, perto das Colinas de Golã anexadas por Israel. Perto de Homs, os bombardeios executados pelas forças aéreas do governo e da Rússia mataram pelo menos sete civis neste sábado durante combates para tentar conter o avanço rebelde.
Do final de novembro, desde que os conflitos se agravaram, pelo menos 826 morreram e 370 mil foram deslocadas. Paralelamente, os rebeldes tentam acalmar os temores daqueles que vivem em áreas agora sob seu controle, em um país com várias confissões religiosas. "Pedimos que todas as confissões se sintam seguras (...) porque a era do sectarismo e da tirania acabou para sempre", afirmou o comandante rebelde Abdel Ghani em uma mensagem no Telegram.
Saiba Mais
Queda da estátua
Em um subúrbio de Damasco de maioria drusa e cristã, dezenas de manifestantes derrubaram uma estátua de Hafez al-Assad, pai e antecessor do presidente Bashar Al-Assad, arrancando a cabeça e deixando-a no chão. Uma testemunha informou a AFP disse que "dezenas de manifestantes" derrubaram a estátua na praça principal de Jaramana. Vídeos que circulam na internet mostram jovens derrubando a estátua e gritando frases contra o governo. A queda da estátua é um simbolismo importante, indicando a fragilidade do ditador.