Treze anos depois da revolta contra o presidente Bashar Al-Assad que explodiu em uma guerra civil, a Síria assiste ao agravamento do conflito. Jihadistas do grupo Hayat Tahrir al Sham (HTS), aliados da rede terrorista Al-Qaeda, e milícias da oposição tomaram a cidade de Aleppo e avançaram no norte do país. Pouco depois de os presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Masud Pezeshkian (Irã) expressarem "apoio incondicional" a Al-Assad, aviões russos e a Força Aérea Síria intensificaram os bombardeios aos rebeldes.
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Durante telefonema com Pezeshkian, Al-Assad denunciou que a "escalada terrorista" busca "fragmentar a região, destruir seus Estados e redesenhar o mapa do Oriente Médio, de acordo com os interesses e objetivos dos Estados Unidos e do Ocidente". Além da ofensiva relâmpago da HTS e dos insurgentes no noroeste da Síria, grupos apoiados pela Turquia atacaram a região estratégica de Tal Rifaat, em poder dos curdos.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, se disse "alarmado" com a escalada de violência no noroeste da Síria e cobrou o "cessar imediato das hostilidades". "Todas as partes devem fazer o máximo para proteger os civis e as infraestruturas civis, além de permitir o deslocamento seguro dos civis que fogem dos confrontos", declarou o porta-voz Stéphane Dujarric. Nesta terça-feira (3/12), o Conselho de Segurança se reúne, em caráter de emergência, para debater o conflito. Segundo a ONU, cerca de 50 mil sírios foram deslocados internamente em poucos dias.
Por sua vez, os Estados Unidos exortaram todos os países a usarem sua "influência" para ajudar a reduzir as tensões. "Queremos que todos os países usem sua influência para pressionar por uma desescalada, pela proteção dos civis e, em última instância, por um processo político mais adiante", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
Em nota publicada na rede social X, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, escreveu que "é nosso maior desejo que a integridade territorial e a unidade nacional da Síria sejam preservadas". Ele defendeu que "a instabilidade, que se arrasta há 13 anos, termine com um acordo alinhado às exigências legítimas do povo sírio".
Ismail Alabdullah, coordenador de mídia da organização não governamental (ONG) White Helmets ("Capacetes Brancos") no norte da província de Aleppo, afirmou ao Correio que o regime de Al-Assad e os aviões russos bombardearam e mataram 21 civis, nesta segunda-feira (2/12). "Oito deles morreram no campo de deslocados de Wadi Khaled, no norte. Seis nas imediações de Idlib; dois em Maret Shorin; dois no Hospital Universitário de Idlib, por falta de oxigênio, depois do ataque aéreo; e três no bairro de Alkosour, também em Idlib. Aleppo também foi alvo de bombardeios, e a maior parte deles atingiu civis", relatou, por telefone. "A ofensiva russa forçou a fuga de civis de Aleppo para o norte, rumo ao campo de Wadi Khaled e a outros centros de reacomodação. Podemos dizer que cerca de mil sírios abandonaram suas casas, com o intuito de sobreviverem."
Estratégia
De acordo com Alabdullah, Idlib esteve sob ataque em 2006. "Agora, voltou a ser alvo das forças de Al-Assad e da Rússia. Houve um aumento nos bombardeios em Idlib. Então, o regime sírio mantém a mesma estratégia de assassinatos e de destruição de infraestrutura", declarou o capacete branco. No interior da província de Idlib, o fotógrafo e pesquisador sírio Fared Al-Mahlool disse à reportagem que os aviões russos e sírios não têm discriminado os alvos. "Eles atingiram bairros residenciais, além de cinco hospitais e três escolas. Há crianças mortas. Os bombardeios nunca cessam. As facções da oposição síria mantêm suas batalhas contra o regime de Al-Assad e seus sucessores, Irã e Rússia." Em 26 de maio de 2019, um bombardeio sírio à cidade de Ma'arat al-Nu'man destruiu a casa de Fared, feriu toda a sua família e matou sua tia.
EU ACHO...
"Os civis na Síria estão pagando o preço de todos os confrontos que ocorreram antes e agora. O que vemos no norte do país é um novo epiosódio da mesma coisa, e a história se repete. Nós, dos Capacetes Brancos, mobilizamos nosso pessoal em campo para ajudar as pessoas a se recuperarem dos ataques. Temos equipes de remoção de munições que não explodiram em todos os vilarejos. Também voluntários para retirar os escombros e ambulâncias para transportar os feridos.
Ismail Alabdullah, coordenador de mídia da ONG White Helmets ("Capacetes Brancos") no norte da província de Aleppo
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