Guerra entre Israel e o Hezbollah

Bombardeios israelenses deixam vários mortos na capital do Líbano

Israel bombardeou três setores do território palestino sitiado durante a madrugada e pela manhã

Bombardeios israelenses destruíram um prédio residencial e mataram mais de dez pessoas neste sábado (23) no centro de Beirute, em meio a uma guerra entre Israel e o Hezbollah que não dá trégua, apesar dos esforços internacionais para um cessar-fogo. 

Um alto comandante do Hezbollah era "o alvo" do bombardeio no bairro de Basta, indicou uma fonte de segurança libanesa, sem especificar a identidade ou o estado do líder, depois de Israel ter praticamente dizimado a liderança deste movimento xiita pró-iraniano nos últimos meses. 

Israel, que também está em guerra contra o movimento islamista palestino Hamas em Gaza há mais de um ano, bombardeou três setores do território palestino sitiado durante a madrugada e pela manhã, causando 19 mortes, segundo a Defesa Civil. 

Em ambas as frentes, Israel busca neutralizar o Hamas e o Hezbollah, aliados do Irã, o seu principal inimigo na região. 

Em Gaza, Israel prometeu aniquilar o Hamas após o ataque mortal do movimento ao seu território em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra. No Líbano, busca pôr fim ao lançamento de foguetes que o Hezbollah lança há mais de um ano. 

Os habitantes da capital libanesa acordaram no sábado ao som de três fortes explosões.

Os atentados, que deixaram pelo menos 11 mortos e 63 feridos segundo o Ministério da Saúde libanês, destruíram um prédio residencial no bairro densamente povoado de Basta.

"Gritando de terror"

"É a primeira vez que acordo gritando de terror", disse à AFP Salah, morador de Basta e pai de dois filhos, e acrescentou que saiu correndo de casa com a família. 

As bombas também caíram nos subúrbios ao sul de Beirute, um reduto do Hezbollah, localizado perto do aeroporto internacional da capital. 

Em Shiyah, um dos bairros bombardeados, um edifício foi reduzido a uma massa de pedras e ferro fumegante. Ao redor, restavam apenas fachadas e janelas quebradas. 

No bairro de Hadath, os bombeiros combatem as chamas nos edifícios bombardeados. 

Em um comunicado, o Exército israelense afirmou que os seus alvos na periferia sul eram "centros de comando do Hezbollah e outras infraestruturas terroristas".

O Hezbollah abriu em 8 de outubro de 2023, um dia após a eclosão da guerra em Gaza, uma frente contra Israel no sul do Líbano em apoio ao seu aliado palestino Hamas. 

Depois de quase um ano de hostilidades transfronteiriças, Israel lançou uma campanha de bombardeio contra redutos do Hezbollah e operações terrestres no sul em setembro. 

O objetivo da campanha israelense é afastar o Hezbollah das zonas fronteiriças e permitir o retorno em segurança das 60.000 pessoas deslocadas do norte de Israel pelas trocas de disparos com o Hezbollah, que também provocaram a fuga de dezenas de milhares de habitantes do sul do Líbano. 

Mais de 3.640 pessoas morreram no Líbano em mais de um ano, a maioria desde setembro, segundo o Ministério da Saúde.

A frequência dos bombardeios israelenses se intensificou após a partida do emissário americano Amos Hochstein, que visitou o Líbano e Israel para tentar emplacar um acordo de cessar-fogo.

O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, declarou que os Estados Unidos estão empenhados em uma solução diplomática no Líbano e instou Israel a melhorar as condições "terríveis" em Gaza, em um telefonema neste sábado com o seu homólogo israelense, Israel Katz.

"Que matem todos nós"

Na Faixa de Gaza, a Defesa Civil informou que os bombardeios israelenses deixaram 19 mortos.

"A nossa vida não passa de miséria. Deixem que matem todos nós para acabar com este sofrimento", exclamou Umm Mohamad Abu Sabla, irmã de uma das vítimas em Khan Yunis.

O enclave palestino, governado pelo Hamas desde 2007, mergulhou em uma grave crise humanitária desde o início da guerra após o ataque de 7 de outubro de 2023. 

Naquele dia, milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses, que incluem a morte de alguns reféns feitos pelo Hamas. 

Dos 251 sequestrados, 97 permanecem cativos em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 morreram.

A ofensiva de retaliação de Israel custou a vida a pelo menos 44.176 pessoas em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde, considerados confiáveis pela ONU. 

Os ministros das Relações Exteriores do G7 discutirão na segunda e terça-feira, perto de Roma, as ordens de prisão emitidas na quinta-feira pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, assim como contra o chefe do braço armado do Hamas, Mohammed Deif. 

Os três são acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade no conflito.

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