O governo de Daniel Ortega "ataca de forma sistemática o setor universitário" na Nicarágua, com uma "campanha repressiva", destinada a calar as vozes críticas, denunciou nesta sexta-feira (8) o Grupo de Especialistas em Direitos Humanos da ONU.
O grupo "documentou amplas violações contra estudantes, professores e funcionários de universidades", com a intenção de "eliminar a dissidência e a liberdade de expressão", destaca o relatório, divulgado pela ONU.
Estudantes e professores sofreram "violência física e psicológica, incluindo ameaças, intimidação, agressões e isolamento prolongado", desde os protestos de 2018 contra o governo, que deixaram 300 mortos, segundo a ONU.
O setor universitário foi o principal incentivador das manifestações, que duraram meses, e que Ortega considerou uma tentativa de golpe de Estado promovida pelos Estados Unidos. Desde então, o governo "vem atacando diretamente as universidades como parte de uma campanha de repressão generalizada, eliminando sua autonomia e tornando-as centros de controle político", apontou o presidente do grupo de especialistas, Jan Simon.
O relatório destaca "a expulsão arbitrária de estudantes e professores críticos das autoridades", e menciona "o fechamento de várias universidades". Nas que permanecem abertas, "o governo instituiu medidas de controle político, impondo restrições à liberdade acadêmica e de pesquisa e limitando o acesso" de críticos ou dissidentes à educação.
O grupo de especialistas pediu uma "ação internacional para proteger a integridade" de estudantes, professores e profissionais do setor, frente ao que considera "um padrão de violência e repressão desenhado para abafar" as críticas ao governo.
O painel é um órgão independente, criado em 2022, com mandato do Conselho de Direitos Humanos da ONU.