Na reta final da mais disputada corrida presidencial dos Estados Unidos nos últimos anos, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump investem nos votos dos eleitores indecisos e independentes. A sete dias das eleições, ambos seguem tecnicamente empatados: a vice-presidente tem 50% das intenções de votos ante 49% do ex-presidente, de acordo com a mais recente pesquisa. Nos próximos dias, ambos se concentrarão nos sete estados que provavelmente decidirão o resultado: Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada.
Kamala e seu companheiro de chapa, Tim Walz, visitarão todos eles. A democrata começou a semana em Michigan, no norte, onde criticou severamente o comício realizado na véspera por Trump em Nova York. A vice-presidente acusou o rival de estar "obcecado com suas queixas, consigo mesmo e em dividir o nosso país", enquanto o republicano tentava conter os efeitos da retórica racista do evento no Madison Square Garden.
Durante o evento de domingo, o humorista Tony Hinchcliffe, um dos participantes, debochou: "Há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano neste momento, acho que se chama Porto Rico." Ele também zombou dos latinos, dizendo que "eles adoram fazer bebês", parodiou judeus e palestinos e ridicularizou um homem negro com o estereótipo de que os afro-americanos gostam muito de melancia.
"Na noite passada (domingo), o ato de Donald Trump no Madison Square Garden realmente destacou um ponto que venho levantando ao longo dessa campanha", disse Kamala a jornalistas no Air Force Two, citando a obstinação do republicano em segmentar os norte-americanos.
A equipe de campanha de Trump procurou se distanciar do comentário do comediante, que levou artistas como Bad Bunny, Ricky Martin, Marc Anthony e Jennifer Lopez a expressar apoio à Kamala. "Essa piada não reflete a opinião do presidente", afirmou uma das porta-vozes do ex-presidente, que aproveitou o evento para atacar a imigração ilegal e os opositores, os quais voltou a chamar de "inimigo interno". O humorista, por sua vez, reprovou as vozes críticas, que segundo ele "não têm senso de humor".
Embora sejam norte-americanos, os porto-riquenhos não podem votar nas eleições presidenciais, exceto se residirem em um dos 50 estados continentais dos Estados Unidos, além do distrito de Columbia. A Pensilvânia, que pode decidir o resultado das eleições, conta com meio milhão de porto-riquenhos.
A uma semana do dia das eleições, 44 milhões de norte-americanos dos quase 244 milhões aptos já votaram antecipadamente. Um deles foi o presidente Joe Biden, que foi a uma seção, ontem, em New Castle, no estado de Delaware (nordeste).
Em uma corrida com as margens mais apertadas vistas em décadas, o resultado dependerá de quem conseguir conquistar os cruciais eleitores indecisos, além de mobilizar sua base para comparecer às urnas do país, onde o voto não é obrigatório.
Kamala está cortejando republicanos cautelosos com a retórica cada vez mais dura de Trump contra migrantes e seus adversários internos, bem como mulheres dos subúrbios alarmadas por sua posição sobre o aborto. Também busca atrair homens negros e latinos, que as pesquisas mostram estarem se inclinando cada vez mais para Trump.
"O que parece neste momento é que está tudo indefinido", disse à agência de notícias France Presse (AFP) John Mark Hansen, professor de Ciências Políticas da Universidade de Chicago. Profundamente dividido, o país fará história de qualquer forma: ou elege a primeira mulher presidente na principal superpotência mundial ou concede a Trump um retorno espetacular, tornando-o primeiro condenado a ocupar o Salão Oval.