Estados Unidos

A menos de duas semanas das eleições, Trump e Kamala buscam voto latino

Magnata republicano Donald Trump se reúne com imigrantes na Flórida, ataca a adversária Kamala Harris e acusa Joe Biden de "perder" 325 mil crianças. Candidata democrata concede entrevista a emissora de televisão hispânica

Tecnicamente empatados nos decisivos estados-pêndulo (que alternam entre a preferência pelo Partido Republicano e pelo Partido Democrata), o ex-presidente Donald Trump e a atual vice Kamala Harris apostam todas as fichas no eleitorado latino, a menos de duas semanas das eleições de 5 de novembro. São 17,5 milhões de votos em disputa, de acordo com o Fundo Educativo da Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Designados (Naleo).

Dono de uma retórica antiimigração cada vez mais radical, o magnata republicano recebeu eleitores latinos em seu resort Trump National Doral Miami, em Miami, na Flórida. Apesar de essa parcela da população ainda votar preferencialmente nos democratas, Trump espera reverter a tendência e comemora o entusiasmo dos latinos em Nevada, onde eles representam cerca de 20% do eleitorado — assim como no Arizona, outro estado-pêndulo. Por sua vez, Kamala concedeu uma entrevista à rede de língua espanhola Telemundo, a qual transmitiu trechos à tarde e publicará a íntegra hoje.

Jacquelyhn Martin/AFP - A vice-presidente Kamala Harris conversa com jornalistas a bordo do Air Force Two, na segunda-feira: imprevisibilidade nas pesquisas

Intitulada de "Latino-americanos com Trump", a mesa redonda em Miami foi marcada pelas ofensas do republicano à adversária democrata. "Quem diabos é (Kamala) Harris? Ninguém a conhece", afirmou, ao chamá-la de "mais incompetente" do que o atual presidente Joe Biden. Durante o evento, segundo o jornal The Washington Post, um pastor declarou que "a mão de Deus está sobre este homem", enquanto os presentes estendiam os braços em direção a Trump. "Nós o ungimos para que seja o próximo 47º presidente dos EUA, para restaurar os valores bíblicos", disseram, de olhos fechados, enquanto Trump ficou sentado.

Sem apresentar provas e aparentemente se referindo a um relatório do Gabinete do Inspetor Geral do Departamento de Segurança Interna, segundo o qual as autoridades perderam contato com mais de 325 mil crianças migrantes, o ex-presidente republicano atacou Biden e disse que os menores agora são "escravos sexuais, estão desaparecidos ou mortos".

O estado do Texas, que também abriga muitos latinos, registrou números históricos de votação antecipada, principalmente nos condados de inclinação democrata. No condado de Harris, 125 mil pessoas votaram desde a manhã de segunda-feira — o número equivale à metade dos eleitores que saíram para votar mais cedo em 2016.

Pesquisas

Uma nova pesquisa do instituto Morning Consult, divulgada ontem, mostrou uma vantagem de 4 pontos percentuais de Kamala em relação ao republicano — 50% a 46%. Outra sondagem, da Reuters/Ipsos, indica que a democrata tem a preferência de 46% dos entrevistados, contra 43% para Trump.

Uma terceira pesquisa, feita pelo The Washington Post e pela Schar School, traz os dois candidatos empatados em Nevada, com 48% dos votos. Kamala venceria em outros quatro estados-pêndulo (Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin), enquanto Trump ganharia em dois (Carolina do Norte e Arizona). O site The Hill publicou um prognóstico que mostra uma virada de Trump sobre Kamala. O republicano teria 52% dos votos contra 48% para a democrata.

Na sexta-feira, Kamala fará um comício em Houston, quando focará o discurso na defesa do direito ao aborto. Com a escolha por um estado republicano, a democrata espera conscientizar a população norte-americana sobre a necessidade de engajamento no tema. Kamala estará acompanhada de mulheres afetadas por uma lei que bane o aborto a partir de seis semanas de gestação. 

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