ESTADOS UNIDOS

Juiz adia execução de pai da criança que morreu da ‘síndrome do bebê sacudido’

Condenado pela morte da filha em 2002, Robert Roberson foi ouvido por um juiz do Texas horas antes da execução, que estava programada para depois das 20h desta quinta-feira (17/10). Adiamento da pena se deu por conta de intimação

Marcada para a noite desta quinta-feira (17/10), a execução do norte-americano Robert Roberson foi adiada. Condenado pela morte da filha de 2 anos, em 2002, o homem pode ser o primeiro executado nos Estados Unidos por assassinado ligado à "síndrome do bebê sacudido". 

Um juiz do condado de Travis, no Texas, ouviu, no fim da tarde desta quinta-feira (17/10), os argumentos de Robert Roberson e da defesa dele. Segundo a mídia norte-americana, a execução, marcada para depois das 20h, no horário de Brasília, foi adiada devido a uma intimação feita por legisladores do Texas.

A intimação, expedida na noite de quarta-feira (16/10), foi um recurso extraordinário e de última hora, visando garantir mais tempo para Roberson e permitir novas contestações legais.

Um pedido de clemência e outro pedido de adiamento feito pelos advogados de defesa à Suprema Corte dos Estados Unidos tinha sido negado pouco antes.

A imprensa norte-americana afirma que tanto democratas quanto republicanos fizeram apelos à Suprema Corte e ao governador do Texas, Greg Abbott. Mais de 80 legisladores teriam assinado uma carta pedindo “uma pausa” na execução de Roberson.

O juiz escutou o condenado por volta das 17h45 (horário de Brasília) desta quinta, para definir se a intimação solicitada deveria ser cumprida ou não. Se o apelo dos legisladores não funcionasse, Robert receberia uma injeção letal por volta das 20h.

De acordo com o portal norte-americano CBS News, Roberson havia sido transferido do corredor da morte em Livingston para uma prisão estadual em Huntsville, onde repórteres foram informados que ele passaria as “últimas horas com um conselheiro espiritual e outros visitantes”.

Protestos de diversos setores da sociedade, inclusive do próprio detetive que prendeu Roberson à época, são pautados pela crença de que homem de 57 anos, diagnosticado com transtorno do espectro autista, mereça novo julgamento.

A defesa de Roberson diz que o caso teria “evidências não científicas, depoimentos médicos imprecisos e enganosos e tratamento prejudicial”. De acordo com os advogados, a morte da filha, Nikki, não teria sido causada por ele, mas provavelmente por uma pneumonia agravada por medicação prescrita erradamente a ela.

"Síndrome do bebê sacudido"

A "síndrome do bebê sacudido" é uma lesão cerebral grave que pode ser fatal e é causada por sacudir violentamente um bebê. O movimento brusco do corpo da criança faz com que a massa encefálica se choque com a calota craniana, causando lesões vasculares e teciduais.

Gretchen Sween, uma das advogadas de Robert, argumenta que evidências médicas mostram que a menina de 2 anos teria morrido de causas naturais e acidentais, não de abuso. "Em 2002, Nikki estava doente com febre alta e pneumonia não diagnosticada quando sofreu uma queda curta da cama. Quando o Sr. Roberson encontrou Nikki inconsciente na manhã de 31 de janeiro de 2002, ele tentou reanimá-la e então a levou às pressas para o pronto-socorro, onde a equipe não sabia que ele tinha autismo e julgou seu efeito apático como um sinal de culpa", cita a advogada.

"Brian Wharton, o detetive chefe encarregado de investigar a morte de Nikki que ordenou que o Sr. Roberson fosse preso com base na hipótese de "bebê sacudido" feita antes de uma autópsia ser realizada, e que testemunhou para a promotoria no julgamento, agora acredita que o Sr. Roberson é inocente e falou amplamente sobre a necessidade de corrigir o erro cometido neste caso", acrescentou Gretchen.

 

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