O ataque do Irã contra Israel com o lançamento de mísseis, nesta terça-feira (1º/10), provocou uma forte condenação da comunidade internacional. Por sua vez, o grupo radical islâmico, Hamas, comemorou a reação, classificando-a como um ataque "heroico". Às vésperas das eleições nos Estados Unidos, o tema virou assunto da campanha política norte-americana. A candidata democrata Kamala Harris apoiou o governo israelense e criticou os iranianos cuja força é chamada de "perigosa" e "desestabilizadora": "Eu sempre me certificarei de que Israel tenha a capacidade de se defender do Irã e das milícias terroristas apoiadas pelo Irã".
Ao Correio, Monique Sochaczewski, professora de relações internacionais do IDP, ressaltou que o conflito no Oriente Médio com a ação do Irã entra em um outro patamar, acirrando o clima bélico na região. "Temos uma guerra mais às claras entre Israel e Irã, e tendo por contexto as eleições norte-americanas. Irã parece indicar que os ataques de hoje já seriam resposta às mortes de Hanyie e Nasrallah, não querendo mais escalada. Agora a bola está do lado israelense, que me parece deve atacar o Irã de volta. A guerra parece se tornar quente de verdade no Oriente Médio."
O presidente dos EUA, Joe Biden, reiterou total apoio a Israel, classificando os ataques do Irã como "ineficazes". Para secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o ataque do Irã é "totalmente inaceitável". Já o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que o Irã deve enfrentar consequências.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, condenou "nos termos mais enérgicos" o ataque iraniano, alertando sobre o risco de descontrole e pedindo um cessar-fogo na região. Donald Trump não hesitou em criticar o governo de Biden, "se eu estivesse no comando, o ataque de hoje a Israel nunca teria acontecido", declarou.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, também criticou a administração Biden, afirmando que a situação revela o "fracasso total" da política americana na região. O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, expressou preocupação com a "escalada" entre Irã e Israel, considerando a situação "extremamente grave".
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apelou para o fim da "espiral de violência", enquanto o chanceler José Manuel Albares pediu a contenção dos envolvidos. A chanceler alemã, Annalena Baerbock, instou o Irã a interromper os ataques, afirmando que isso está levando a região ao abismo. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, condenou o ataque e defendeu o cessar-fogo.
Para a chanceler canadense, Mélanie Joly, haverá o acirramento da desestabilização da região. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu um cessar-fogo e lamentou as "escaladas sucessivas". Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Chile manifestou "enérgica condenação" ao ataque e reiterou o pedido por um cessar-fogo urgente.
Apoio ao Irã
O Hamas, por sua vez, comemorou o ataque iraniano como uma "vingança" pelos assassinatos de seus líderes, qualificando os lançamentos de mísseis como uma resposta à opressão e afirmando que "o movimento de resistência islâmica abençoa os heroicos lançamentos".
Rodrigo Amaral, professor de relações internacionais da PUC, em São Paulo, destacou que houve aplausos ao Irã além do Hamas. "Há relatos de celebração no Iraque, onde centenas de pessoas comemoraram, além da Palestina. Acho que vale mencionar que se tratou de um ataque bastante calculado."
De acordo com o especialista, o apoio dos Estados Unidos tem sido muito relevante para Israel. "Não apenas ajudou a interceptar uma parte desses mísseis, como também avisou que esses bombardeios seriam enviados. É um jogo de xadrez com peças movidas com bastante delicadeza."
Para frederico Afonso, advogado, professor de direito internacional, membro permanente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP,o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegou em uma encruzilhada política e sem perspetivas positivas. "Ela já estava mal politicamente, tentando usurpar de algumas competências do Poder Judiciário, chega ao seu pior momento e só não cai, pois estava à frente da reação, e acabou abrindo 'várias frentes' na guerra."