Os secretários de Estado, Antony Blinken, e de Defesa, Lloyd Austin, intimaram o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a melhorar a crise humanitária em Gaza, sob ameaça de cortar o fluxo de armas dos Estados Unidos para o país.
Os dois escreveram uma carta conjunta, datada de 13 de outubro, endereçada ao ministro de Defesa de Israel, Yoav Gallant, e ao ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer. O documento foi divulgado nesta terça-feira (15/10) pelo Canal 12 de Israel e pelo site Axios.
Na carta, Blinken e Austin culpam Israel por uma queda drástica na ajuda humanitária em Gaza, o que, segundo eles, contribuiu para a fome e o sofrimento generalizado. Os Estados Unidos deram 30 dias para Isarel "reverter a trajetória humanitária decrescente" ou então isso "pode ter implicações' para transferências de armas e financiamento de acordo com a lei americana.
Ainda no documento, os estadunidenses afirmam que a lei do país exige que nações que recebem armas americanas "facilitem e não neguem, restrinjam ou impeçam arbitrariamente" a assistência humanitária fornecida ou apoiada pelos Estados Unidos.
Os ministros pediram que os israelenses permitam a entrada de no mínimo 350 caminhões de ajuda em Gaza por dia, aumentem a segurança dos locais de ajuda e acabem com o isolamento do norte de Gaza.
"Já vimos Israel fazer mudanças antes e, quando elas são feitas, a assistência humanitária pode aumentar. Sabemos que isso pode ser feito, sabemos que os vários obstáculos logísticos e burocráticos podem ser superados e, portanto, cabe ao governo de Israel superar esses desafios e permitir a entrada de assistência", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, nesta terça-feira.
Washington é o principal fornecedor de armas de Israel e o apoio é essencial para os planos de guerra de Netanyahu em Gaza e no Líbano.
A Organização das Nações Unidas estimou, nesta terça-feira, que a população da Faixa de Gaza enfrenta neste momento as piores restrições à ajuda humanitária desde o início da guerra.
"A quantidade de ajuda humanitária que foi enviada em agosto à Faixa de Gaza foi a mais baixa em um mês desde quando estourou a guerra. Em vários dias durante a semana passada não se autorizou entrar nenhum caminhão. Provavelmente, estamos assistindo às piores restrições jamais vistas em matéria de ajuda humanitária", expôs James Elder, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância.
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