ELEIÇÕES

Para onde vai meu voto depois que digito na urna?

Após confirmar seu voto, ele é registrado de forma anônima e enviado com segurança ao TSE. Supercomputadores garantem a integridade dos dados, impossibilitando fraudes.

Para onde vai meu voto depois que digito na urna? -  (crédito: BBC Geral)
Para onde vai meu voto depois que digito na urna? - (crédito: BBC Geral)

Ao se deparar com a urna eletrônica neste domingo (6/10) para as eleições municipais, você insere o número do seu candidato e confirma. Mas o que ocorre com seu voto a partir desse momento?

Assim que você confirma, sua escolha é registrada no Registro Digital do Voto, uma área da urna que armazena todos os votos de forma aleatória. É como se você estivesse colocando uma cédula de papel em uma urna de lona antiga ou jogando uma gota de água em um copo: é impossível saber quem colocou cada voto ali.

Somente às 17h, quando as eleições se encerram, a urna faz a contagem eletrônica dos votos registrados durante o dia.

Ao final, a urna imprime os resultados em pelo menos cinco cópias dos chamados boletins de urna.

Um dos boletins é colocado na entrada do local de votação, como na porta da sala de aula em uma escola.

As outras cópias ficam com a Justiça Eleitoral e são entregues a fiscais dos partidos políticos. Você também pode acessar esses boletins online, em tempo real, no aplicativo Boletim na Mão, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), baixável no celular.

Depois disso, cada urna salva os resultados em um pendrive, que é levado para um ponto seguro de transmissão.

A partir daí, os dados são enviados pela rede privada do TSE para supercomputadores em Brasília, que somam os resultados de mais de 500 mil urnas eletrônicas.

Essa transmissão dos dados pode acontecer de várias formas. Motoboys da Justiça Eleitoral, por exemplo, podem levar os pendrives até um cartório eleitoral, onde o material é transmitido pela rede privativa.

Em algumas escolas, computadores conectados a uma rede VPN (privada) podem transmitir os dados diretamente. Em áreas remotas, um telefone via satélite é usado para conectar o computador e enviar os votos. Em nenhum momento a internet comum, como a que você usa em casa, é utilizada.

Por volta das 17h20, os primeiros votos começam a chegar ao TSE. Os supercomputadores em Brasília são os únicos capazes de ler a criptografia usada pelas urnas para proteger os votos.

Eles identificam de onde vem cada boletim de urna e, se houver qualquer dúvida ou suspeita, rejeitam os dados e permitem uma recontagem na urna original.

Portanto, segundo o TSE, é impossível alguém tentar usar outro pendrive para transmitir votos falsos. Cada pendrive possui uma criptografia única, vinculada a cada urna específica.

Se um dado estranho fosse recebido, ele seria rejeitado e os supercomputadores acionariam um alerta, resultando em uma recontagem dos votos na urna original.

De acordo com o tribunal, isso torna impossível uma tentativa de fraude ser bem-sucedida. Vale lembrar que a introdução das urnas eletrônicas em 1996 foi motivada pelas inúmeras fraudes que ocorriam com as cédulas de papel.

Antes, fraudes como escrever votos em cédulas em branco eram comuns. Segundo Giuseppe Dutra, ex-secretário de tecnologia do TSE, havia até quem usasse grafite escondido embaixo da unha para marcar cédulas em branco e transformá-las em votos.

Agora, os supercomputadores do TSE ficam em uma sala segura e vigiada 24 horas por dia. A sala possui nível 5 de proteção, que inclui passar por cinco portas diferentes para entrar, sendo que as últimas exigem biometria de pelo menos duas pessoas.

Ninguém fica dentro da sala durante a contagem dos votos; apenas as máquinas realizam o trabalho. As equipes técnicas e fiscais dos partidos ficam em uma sala ao lado, acompanhando o processo por câmeras.

A cada 10 ou 15 minutos, os supercomputadores fornecem novos resultados parciais. Com o passar das horas, a quantidade de votos apurados se torna suficiente para determinar o vencedor.

Assim, o processo que você — e milhões de brasileiros — iniciou ao digitar seu voto chega ao fim.

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BBC
Giulia Granchi e Mariana Sanches - Da BBC News Brasil em Londres e em Washington
postado em 03/10/2024 17:15 / atualizado em 04/10/2024 09:05
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