Guerra no Oriente Médio

Mundo condena ataque iraniano contra Israel e fica em alerta

A pouco mais de um mês das eleições nos EUA, o agravamento do conflito vira tema de campanha eleitoral e Kamala se posiciona do lado israelense e contra os iranianos

A candidata presidencial democrata, Kamala Harris, critica a ação do Irã e defende Israel       -  (crédito: Brendan Smialowski/AFP)
A candidata presidencial democrata, Kamala Harris, critica a ação do Irã e defende Israel - (crédito: Brendan Smialowski/AFP)

O ataque do Irã contra Israel com o lançamento de mísseis, nesta terça-feira (1º/10), provocou uma forte condenação da comunidade internacional. Por sua vez, o grupo radical islâmico, Hamas, comemorou a reação, classificando-a como  um ataque "heroico". Às vésperas das eleições nos Estados Unidos, o tema virou assunto da campanha política norte-americana. A candidata democrata Kamala Harris apoiou o governo israelense e criticou os iranianos cuja força é chamada de "perigosa" e "desestabilizadora": "Eu sempre me certificarei de que Israel tenha a capacidade de se defender do Irã e das milícias terroristas apoiadas pelo Irã". 

Ao Correio, Monique Sochaczewski, professora de relações internacionais do IDP, ressaltou que o conflito no Oriente Médio com a ação do Irã entra em um outro patamar, acirrando o clima bélico na região. "Temos uma guerra mais às claras entre Israel e Irã, e tendo por contexto as eleições norte-americanas. Irã parece indicar que os ataques de hoje já seriam resposta às mortes de Hanyie e Nasrallah, não querendo mais escalada. Agora a bola está do lado israelense, que me parece deve atacar o Irã de volta. A guerra parece se tornar quente de verdade no Oriente Médio."

O presidente dos EUA, Joe Biden, reiterou total apoio a Israel, classificando os ataques do Irã como "ineficazes". Para secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o ataque do Irã é "totalmente inaceitável". Já o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que o Irã deve enfrentar consequências.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, condenou "nos termos mais enérgicos" o ataque iraniano, alertando sobre o risco de descontrole e pedindo um cessar-fogo na região. Donald Trump não hesitou em criticar o governo de Biden, "se eu estivesse no comando, o ataque de hoje a Israel nunca teria acontecido", declarou.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, também criticou a administração Biden, afirmando que a situação revela o "fracasso total" da política americana na região. O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, expressou preocupação com a "escalada" entre Irã e Israel, considerando a situação "extremamente grave".

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apelou para o fim da "espiral de violência", enquanto o chanceler José Manuel Albares pediu a contenção dos envolvidos.  A chanceler alemã, Annalena Baerbock, instou o Irã a interromper os ataques, afirmando que isso está levando a região ao abismo.  O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, condenou o ataque e defendeu o cessar-fogo. 

Para a chanceler canadense, Mélanie Joly, haverá o acirramento da desestabilização da região. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu um cessar-fogo e lamentou as "escaladas sucessivas". Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Chile manifestou "enérgica condenação" ao ataque e reiterou o pedido por um cessar-fogo urgente.

Apoio ao Irã

O Hamas, por sua vez, comemorou o ataque iraniano como uma "vingança" pelos assassinatos de seus líderes, qualificando os lançamentos de mísseis como uma resposta à opressão e afirmando que "o movimento de resistência islâmica abençoa os heroicos lançamentos".

Rodrigo Amaral, professor de relações internacionais da PUC, em São Paulo, destacou que houve aplausos ao Irã além do Hamas. "Há relatos de celebração no Iraque, onde centenas de pessoas comemoraram, além da Palestina. Acho que vale mencionar que se tratou de um ataque bastante calculado."

De acordo com o especialista, o apoio dos Estados Unidos tem sido muito relevante para Israel. "Não apenas ajudou a interceptar uma parte desses mísseis, como também avisou que esses bombardeios seriam enviados. É um jogo de xadrez com peças movidas com bastante delicadeza."

Para frederico Afonso, advogado, professor de direito internacional, membro permanente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP,o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegou em uma encruzilhada política e sem perspetivas positivas. "Ela já estava mal politicamente, tentando usurpar de algumas competências do Poder Judiciário, chega ao seu pior momento e só não cai, pois estava à frente da reação, e acabou abrindo 'várias frentes' na guerra."

Bombardeio volta a atingir Beirute

Em meio aos ataques do Irã a Israel, o Exército israelense anunciou mais bombardeios aéreos em Beirute, a capital do Líbano, contra alvos do movimento pró-Irã Hezbollah. Mais uma vez, houve um novo apelo aos moradores do sul de Beirute para que abandonem a área. Pelo menos 30 alvos estão na mira dos militares.

"Você está localizado perto de instalações perigosas do Hezbollah, contra as quais as Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) intervirão em um futuro próximo", advertiu, na rede social X, o porta-voz militar Avichay Adraee. Ele citou especialmente o distrito de Haret Kreik.

Também ao norte de Beirute são esperados mais bombardeios. Pelo menos quatro brigadas de reservistas estão em deslocamento na região. "Isso nos permitirá continuar as atividades operacionais contra a organização terrorista Hezbollah e alcançar objetivos operacionais, acima de tudo o retorno seguro dos habitantes do norte de Israel às suas casas", informou o exército em comunicado.

Após fechar o espaço aéreo, o ministro libanês de Obras Públicas e Transporte, Ali Hamié, confirmou a decisão de reabertura. Da mesma forma, Israel. "O espaço aéreo está aberto. As decolagens e aterrissagens serão retomadas na próxima hora", informaram as autoridades aeroportuárias israelenses, por meio de um comunicado.

Mortos e feridos 

Pelo menos 55 pessoas morreram e 156 ficaram feridas devido a "bombardeios do inimigo israelense" em várias regiões do Líbano nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde libanês. 

Antes da divulgação desse número, a unidade de gestão de catástrofes tinha confirmado que 1.873 pessoas morreram no país desde que Israel e Hezbollah começaram a trocar tiros em outubro de 2023, após o início da guerra entre o Exército israelense e o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza.

Desde a última semana, Israel intensificou os ataques contra o Líbano, com ações por terra e pelo ar. As incursões terrestres foram deflagradas anteontem. Túneis abertos pelo Hezbollah foram dominados. As autoridades israelenses alegam que a estratégia é destruir o grupo xiita.

A primeira grande vitória de Israel foi o assassinato do xeque Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah. Ele foi morto em território libanês, após um forte bombardeio no último dia 27. Desde então aumentaram as ações israelenses na região. Por outro lado, as forças que apoiam o Líbano, como o Irã, reagiram à época. 

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postado em 02/10/2024 06:05
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