O órgão regulador da concorrência do Reino Unido abriu uma investigação sobre as vendas de ingressos para os shows da turnê de retorno do Oasis, incluindo como o sistema de "preço dinâmico" foi utilizado.
A Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA, na sigla em inglês) está investigando se a plataforma de venda de ingressos Ticketmaster violou a lei de proteção ao consumidor.
O sistema de preço dinâmico significava que os preços dos ingressos, vendidos originalmente pela Ticketmaster, subiam de acordo com a demanda.
A investigação vai analisar se:
- A Ticketmaster se envolveu em práticas comerciais desleais;
- Os compradores receberam informações claras para explicar que os ingressos poderiam estar sujeitos a aumentos de preço;
- As pessoas foram pressionadas a comprar ingressos em um curto período de tempo.
A investigação da CMA foi aberta após críticas generalizadas, feitas por fãs do Oasis, aos preços dinâmicos na semana passada.
Muitos disseram que acabaram pagando significativamente mais do que esperavam pelos ingressos para a turnê de retorno da banda no ano que vem — até £ 350 (R$ 2,6 mil) por ingresso, cerca de £ 200 (R$ 1,5 mil) a mais do que havia sido anunciado.
A banda também criticou o sistema, dizendo: "É preciso deixar claro que o Oasis deixa as decisões sobre ingressos e preços inteiramente para seus promotores e empresários".
A CMA, que é um órgão independente, informou que estava no "estágio inicial de sua investigação".
O órgão regulador disse que entraria em contato com a Ticketmaster e reuniria "evidências de várias outras fontes", que poderiam incluir os empresários da banda e os organizadores do evento.
"Não se deve presumir que a Ticketmaster violou a lei de proteção ao consumidor", afirmou a CMA.
"A CMA também vai considerar se é apropriado investigar a conduta de qualquer outra pessoa em relação ao assunto."
A Ticketmaster, que afirma ser a maior plataforma de ingressos de entretenimento do mundo e uma das três vendedoras oficiais para os shows do Oasis, diz que não definiu a política de preços dos ingressos — mas, sim, os artistas e promotores.
No entanto, uma investigação realizada pelos jornalistas Chi Chi Izundu e James Stuart, da BBC, descobriu que a divisão não era tão clara quanto a Ticketmaster fez parecer.
Há três promotores para a turnê de retorno do Oasis, todos com vínculos com uma empresa: a Live Nation, multinacional dos EUA que é dona da Ticketmaster.
Uma carta da CMA para a secretária de Cultura, Lisa Nandy, e o secretário de Estado para Negócios, Jonathan Reynolds, dizia que o preço dinâmico não era ilegal.
Mas acrescentava que o uso da prática não pode confundir os consumidores — e deve ser feito de forma transparente.
"Estamos mantendo em aberto todas as opções potenciais de ação", afirmaram o presidente da CMA, Marcus Bokkerink, e a CEO do órgão, Sarah Cardell.
"Isso inclui possíveis medidas para cumprimento das normas se encontramos evidências de possíveis violações da lei de proteção ao consumidor."
A CMA também está convidando os fãs a enviar evidências de suas experiências em relação à venda de ingressos para os shows do Oasis, como imagens de captura de tela do processo de compra.
Alguns fãs disseram ao jornalista Ian Youngs, da BBC, no início desta semana que sua empolgação com o retorno da banda desapareceu, quando se depararam com preços que mais do que dobraram após passar horas em uma fila virtual.
John e sua família tentaram simultaneamente comprar ingressos. Depois de passar seis horas na fila online, John já havia desistido, mas sua esposa acabou recebendo uma oferta de ingressos — por £ 355 cada.
"Acho isso simplesmente vergonhoso", disse John.
Segundo ele, o Oasis "construiu sua carreira com base na conexão que tem com as pessoas comuns".
"Mas quando você fica na fila o dia todo, e o preço do ingresso mais que dobra, acho que eles quebraram o contrato com a classe trabalhadora."
"Eles estão bem mortos para mim agora", completou.
Em janeiro do ano passado, a Ticketmaster se desculpou com a cantora Taylor Swift e seus fãs durante uma audiência no Senado dos EUA, meses depois de seu sistema ter ficado sobrecarregado pela demanda por ingressos para a turnê The Eras Tour.
Milhares de "swifties", como são chamados os fãs da artista, não conseguiram comprar ingresso.
"Precisamos fazer melhor, e vamos fazer", declarou o presidente da Live Nation, Joe Berchtold, aos legisladores.
Ele alegou que um ataque de bots (robôs) foi responsável pela "terrível experiência do consumidor".
O jornalista Mark Savage, da BBC, escreveu na época que a Ticketmaster, que se fundiu com a Live Nation em 2010, tem enfrentado repetidas críticas de fãs e políticos, que afirmam que ela tem controle demais sobre o mercado de música ao vivo — e inflaciona artificialmente o preço dos ingressos, com taxas e cobranças de serviço.
A Ticketmaster, a Live Nation e a SJM não responderam aos pedidos de comentários da BBC.
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