As atenções durante o 23º aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001 se voltaram para Kamala Harris e Donald Trump. Horas depois do acirrado debate na Filadélfia, no estado-pêndulo da Pensilvânia, os candidatos democrata e republicano voltaram a se encontrar e a trocar um aperto de mãos, antes da cerimônia no local onde ficava o World Trade Center, em Nova York. Por um momento, os adversários na corrida à Casa Branca deixaram as diferenças de lado e homenagearam os quase 3 mil mortos no maior atentado terrorista da história.
A equipe de campanha de Kamala reconheceu o bom desempenho da ex-senadora californiana no debate, mas procurou se revestir de um "otimismo cauteloso". Trump, por sua vez, admitiu estar "menos inclinado" a participar de um novo duelo televisivo. "Nós vamos ter uma nova partida? Não sei. Pensaremos sobre isso", respondeu a jornalistas. Mais cedo, o magnata tinha afirmado à emissora Fox News que, "quando você ganha o debate, não sabe se quer fazer outro".
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O jornal The Washington Post divulgou, ontem, uma média das pesquisas em sete estados-chave, incluindo a Pensilvânia. Kamala lidera em Michigan, Pensilvânia e Wisconsin; Trump, no Arizona e na Geórgia. Em Nevada e na Carolina do Norte ambos estão empatados. Ontem, a vice-presidente teve compromissos de campanha na Pensilvânia e na Carolina do Norte; enquanto o republicano focou-se em Nevada e no Arizona. Até mesmo entre republicanos existia um clima de desânimo com o desempenho de Trump durante o debate.
Ao dividir o mesmo espaço com Kamala e Trump, em Nova York, o presidente Joe Biden leu uma mensagem em que enviou um recado aos extremistas. "Há 23 anos, os terroristas pensaram que poderiam dobrar nossa vontade e nos colocar de joelhos. Eles estavam errados. Sempre estarão errados", declarou. Kamala também divulgou um comunicado sobre a data e defendeu que "a unidade é possível nos Estados Unidos (...) frente ao terrorismo".
Jovem e hábil
Para David Karol, professor do Instituto do Departamento de Governo e Política da Universidade de Maryland, Kamala claramente venceu o debate de terça-feira. Ele lembrou que até mesmo republicanos, como o senador Lindsey Graham e o jornalista Brit Hume (Fox News), chegaram a essa conclusão. "Trump esteve praticamente igual ao do debate anterior. Dessa vez, no entanto, ele enfrenta uma rival muito mais jovem e mais hábil", explicou ao Correio. Karol destaca que isso não deveria ser algo surpreendente, levando-se em conta que o republicano também perdeu os debates contra Hillary Clinton, em 2016, e contra Joe Biden, em 2020.
"Trump nunca foi bom debatedor, especialmente no formato 'um contra um', ao contrário de em um duelo contra vários oponentes", observou o professor de Maryland. Na opinião de Karol, Trump ganhou o debate de 27 de junho porque Biden teve uma péssima noite e estava cansado. "A força de Trump está no fato de que, apesar da idade, ele normalmente parece vigoroso. O seu ponto fraco é que ele divaga, tem políticas impopulares, e quando Kamala o provocou, falou sobre suas obsessões, e não sobre as preocupações dos eleitores."
Por e-mail, Aaron Kall — professor da Universidade de Michigan e editor e coautor do livro Debating the Donald — admitiu que existe um consenso "esmagador" de que Kamala ganhou o debate. Ele avaliou que, desde os primeiros momentos da noite de terça-feira, a democrata encarou agressivamente a luta contra Trump, que permaneceu nas cordas. "Kamala mostrou-se como uma potencial agente de mudança. Também estava mais otimista e voltada para o futuro. Isso a conecta com eleitores indecisos que não acompanham a política diariamente", afirmou ao Correio.
No entanto, Kall entende que o desempenho de Kamala não foi perfeito. "Ela se repetiu algumas vezes e não foi tão agressiva quanto Trump ao tentar dar a última palavra, interrompendo o oponente e o moderador. O republicano saiu-se bem ao focar a economia, a imigração e a produção de energia", disse. Segundo ele, à medida que o debate avançava, Trump tornou-se indisciplinado e tentou litigar "velhas e cansadas queixas", consideradas resolvidas.
Para Kall, a cautela de Kamala busca manter o envolvimento dos eleitores da base, à medida que o país começa a votar antecipadamente em estados decisivos. "Fortes desempenhos em debate podem ajudar na arrecadação de fundos e influenciar os ciclos midiáticos futuros, mas podem não ter impacto na trajetória fundamental da disputa."
Saiba Mais
Eu acho...
"Kamala Harris foi muito suave e mostrou-se imperturbável durante o debate. Houve momentos em que acho que ela perdeu a oportunidade de atacar Donald Trump por suas inconsistências ou falsas declarações. No entanto, no geral, ela foi muito eficiente. Muitas pessoas a viram pela primeira vez. Creio que ela pareceu séria e confiável, em comparação com Trump."
David Karol, professor do Instituto do Departamento de Governo e Política da Universidade de Maryland
Trump na cabeçaAs cerimônias alusivas ao 11 de setembro propiciaram uma cena curiosa: Biden deixou-se fotografar usando um boné de campanha de Trump. A cena foi registrada em Shanksville, local da queda do voo 93 da United Airlines. "Obrigado pelo apoio,
HIPERFOTO 2 - Biden com Trump na cabeça
As cerimônias alusivas ao 11 de setembro propiciaram uma cena curiosa: Biden deixou-se fotografar usando um boné de campanha de Trump. A cena foi registrada em Shanksville, local da queda do voo 93 da United Airlines. "Obrigado pelo apoio, Joe!", ironizou Trump, ao publicar a imagem nas redes sociais. A Casa Branca esclareceu que o ato de Biden foi uma tentativa de encorajar um retorno à "unidade bipartidária". "Como gesto, ele deu um boné a um apoiador de Trump que disse que, no mesmo espírito, o presidente deveria colocar seu boné de Trump. Ele o usou brevemente", disse Andrew Bates, porta-voz da Presidência dos Estados Unidos.
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