Duas pessoas foram presas nesta quinta-feira (15) por serem acusadas de terem conexão com a morte de Matthew Perry, o astro da série Friends, que foi encontrado inconsciente em sua casa em outubro do ano passado.
O médico Salvador Plasencia e Jasveen Sangha, conhecida como a "rainha da cetamina", foram presos.
As autoridades dizem que Sangha, 41 anos, vendeu a cetamina que levou à morte de Perry. Buscas posteriores encontraram um "empório de drogas" na casa dela, no norte de Hollywood.
Os investigadores alegam que o médio Salvador Plasencia conheceu Perry e seu assistente Kenneth Iwamasa — outro réu no caso — em um estacionamento público em Long Beach, Califórnia, onde Plasencia injetou cetamina em Perry dentro de um veículo.
Dois dias depois, Plasencia injetou uma grande dose de cetamina em Perry na casa do ator, o que o fez "congelar" e ver sua pressão arterial aumentar significativamente.
Plasencia disse a Iwamasa algo como "não vamos fazer isso de novo", mas ainda deixou frascos adicionais de cetamina com Iwamasa para injetar em Perry, dizem os investigadores.
Plasencia e Sangha são acusados de conspiração para distribuir cetamina e de outros crimes.
Além deles, outras três pessoas já haviam se declarado culpadas por acusações relativas a drogas e também são suspeitas de envolvimento na morte de Perry, que faleceu em Los Angeles, EUA.
A polícia disse que a investigação sobre, iniciada em maio, descobriu uma "ampla rede criminosa" de traficantes de drogas que distribuíam grandes quantidades de cetamina.
Entre o total de cinco acusados, está o assistente Kenneth Iwamasa, acusado de obter cetamina ilegalmente e distribuí-la a Perry.
Iwamasa admitiu ter injetado cetamina várias vezes em Perry sem treinamento médico, incluindo no dia em o ator morreu.
Outro médico acusado de envolvimento na morte é Mark Chavez. Ele admitiu ser culpado de vender cetamina a Salvador Plasencia.
O quinto acusado é Eric Flemming, um conhecido de Perry que confessou ter obtido 50 frascos de cetamina com Jasveen Sangha a US$ 11 mil (cerca de R$ 60 mil). Depois, ele teria encaminhado a droga para Kenneth Iwamasa.
Conversas dos suspeitos obtidas pelos investigadores mostram que, antes da morte, Salvador Plasencia escreveu em uma mensagem dizendo "Eu me pergunto quanto esse idiota vai pagar", em referência a Matthew Perry.
Outra mensagem de Plasencia dizia que ele queria ser a "referência para achar drogas" de Perry.
Jasveen Sangha, por sua vez, referiu-se à sua fonte de cetamina como um "cientista" e "master chef".
Os suspeitos usavam apelidos para se referir à cetamina, como "Dr. Pepper" e "lata".
Após a morte de Perry, segundo investigadores, Sangha enviou uma mensagem para outro suspeito dizendo para ele "apagar todas as nossas mensagens".
Dois dias após a tragédia, Eric Fleming enviou uma mensagem para Sangha: "Por favor, ligue... Tenho mais informações e quero trocar ideias com você. Tenho 90% de certeza de que todos estão protegidos. Nunca lidei com [Perry], apenas com seu assistente. Então o assistente foi o facilitador", mostram os documentos da investigação.
Fleming também perguntou a Sangha se a cetamina permanece "no sistema ou é imediatamente eliminada".
Anne Milgram, chefe da Agência Antidrogas dos EUA, disse em entrevista coletiva nesta quinta-feira que o vício de Perry acabou o levando buscar drogas na rua, encontrando Sangha.
Milgram afirmou que o ator passou a ser explorado e visto pelos suspeitos como uma forma rápida de se obter dinheiro.
O grupo cobrou cerca de US$ 2.000 (R$ 11 mil) por um frasco que na verdade custava US$ 12 (R$ 65), afirmou Milgram.
De acordo com as autoridades, as investigações continuarão.
O que já se sabia sobre a morte de Perry
Um exame mostrou que "os efeitos agudos da cetamina" levaram à morte do ator.
A polícia de Los Angeles abriu em maio uma investigação para determinar por que Perry tinha tantas drogas em seu organismo quando faleceu, aos 54 anos.
A cetamina, um poderoso anestésico, é usada como tratamento para depressão, ansiedade e dor. Pessoas próximas a Perry disseram a investigadores que o ator estava em terapia de infusão de cetamina.
Mas a sua última sessão ocorreu mais de uma semana antes da morte.
Os médicos legistas que atuaram no caso avaliaram que a cetamina no sistema de Perry não poderia ser proveniente da terapia de infusão devido à curta meia-vida da droga.
Os níveis de cetamina no corpo do ator eram tão altos quanto a quantidade usada para anestesia geral, segundo a equipe de médicos.
A forma como o ator obteve a droga tornou-se então objeto de investigação legal.
Mas a equipe médica avaliou que outros fatores contribuíram para a morte, considerada acidental, como o próprio afogamento na banheira; a presença de doença arterial coronariana; e os efeitos da buprenorfina, usada para tratar o transtorno por uso de opioides.
No auge de sua fama, Perry lutava contra o vício em analgésicos e álcool e frequentou clínicas de reabilitação em diversas ocasiões. Ele detalhou sua luta contra o uso de substâncias em seu livro de memórias, Friends, Lovers, and the Big Terrible Thing.
Em 2016, ele disse à BBC Radio 2 que não se lembrava de três anos de filmagens de Friends, por conta da bebida e das drogas.
Após tentativas de tratamento, ele escreveu em suas memórias que estava quase sóbrio desde 2001 — "exceto por cerca de 60 ou 70 acidentes".
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