Passageiros de um cruzeiro de volta ao mundo estão "presos" em Belfast, capital da Irlanda do Norte, há três meses depois que a viagem sofreu atrasos.
O navio Odyssey, da companhia de cruzeiros Villa Vie Residences, chegou à Queen’s Island, na capital, para ser equipado antes de zarpar para a primeira etapa de um cruzeiro de três anos, programado para começar em 30 de maio.
Mas o navio ainda não zarpou devido a problemas com seus lemes e caixa de engrenagens.
Holly Hennessey, moradora da Flórida, nos EUA, está entre os passageiros que se resignaram e fizeram da cidade seu repentino lar.
Viajar acompanhada do gato, chamado Captain, fez com que Hennessey não conseguisse sair de Belfast enquanto esperava o navio ficar pronto.
Os passageiros podem passar um tempo no navio durante o dia, mas devem desembarcar à noite.
"Podemos passar o dia todo a bordo do navio, e eles fornecem ônibus de traslado para embarcar e desembarcar", explica Hennessey, que se diz uma "viciada em cruzeiros".
"Podemos fazer todas as nossas refeições, e eles até passam filmes e organizam atividades de entretenimento, praticamente como em um cruzeiro, só que estamos no cais."
Apesar de apreciar as paisagens, o clima úmido foi um choque para esta nativa dos EUA.
"Nunca usei tanto meu guarda-chuva na vida, e carrego minha capa de chuva para onde quer que eu vá."
Os passageiros do cruzeiro tiveram a opção de "comprar" a cabine, em vez de pagar uma diária pela acomodação, como em um hotel tradicional.
Isso permite que eles permaneçam a bordo além da viagem inicial de três anos no navio.
"Quero ficar o máximo que puder", diz ela.
"Sempre quis morar em um navio, e vai ser um sonho se tornando realidade para mim."
O site da empresa Villa Vie Residences afirma que o custo de comprar uma cabine pode variar de US$ 99,9 mil a US$ 899 mil (R$ 553 mil a R$ 5 milhões).
A cabine de Hennessey tem uma cama de casal, uma pequena sala de estar com espaço para o gato e uma varanda.
"A Villa Vie é uma comunidade, e uma comunidade de verdade tem animais de estimação", diz ela.
A empresa diz que está tentando fazer tudo o que pode para "aliviar a ansiedade" dos passageiros, planejando viagens e outros cruzeiros ou hospedando-os em hotéis.
Angela e Stephen Theriac moravam na Nicarágua, e estão aproveitando ao máximo a espera.
Desde maio, eles passearam de trem pela Espanha, fizeram viagens de fim de semana para a Inglaterra e visitaram a Groenlândia.
"Somos viajantes, e queremos aproveitar ao máximo o lugar em que estamos", afirma Angela Theriac.
"A gente brinca que vai solicitar residência aqui em Belfast."
O marido dela, Stephen, diz que eles estão vivendo como os moradores locais.
"Comemos em todos os restaurantes, e tomamos uma Guinness em cada pub", afirma.
"Tudo isso faz parte da nossa aventura."
David Austin, da Geórgia, nos EUA, afirma que "parou de contar os dias" até o navio zarpar.
"A recompensa de ver o mundo dessa forma é grande demais para se sentir tão decepcionado com cada anúncio de atraso", diz ele.
"Eu estava comprometido, vendi minha casa logo antes da minha chegada, e continuei comprometido com essa aventura a cada atraso."
O CEO da companhia, Mike Petterson, disse que espera que o navio seja lançado ao mar até o fim da próxima semana.
"Não estamos focados nos próximos dias ou semanas, estamos focados no resto de nossas vidas e no que esta empresa vai fazer pelos moradores e pela indústria", afirmou.
Petterson explicou que o Odyssey, da Villa Vie Residences, é o primeiro navio de cruzeiro residencial "acessível" financeiramente.
"Quando você é o primeiro a fazer algo, você vai se deparar com contratempos, mas definitivamente estamos chegando lá e, embora estejamos atrasados, vamos zarpar."
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