Com o fim das convenções e a nomeação do republicano Donald Trump e da democrata Kamala Harris como candidatos à Casa Branca, a disputa pelo cargo mais importante do planeta entra em momentos decisivos. Daqui a 10 semanas e três dias, 161 milhões de norte-americanos estarão aptos a escolher o próximo presidente. As atenções se voltam para os comícios e para o debate televisivo de 10 de setembro, crucial para as pretensões de ambos. Trump passou parte da sexta-feira (23/8) publicando 37 mensagens nas quais critica o pronunciamento de Kamala, em sua rede Truth Social.
O republicano chamou a adversária de "fraca" e "ineficiente". "Kamala disse que forjará um novo caminho adiante, mas teve três anos e meio, e nada fez, a não ser dano!", escreveu Trump. "Ela deveria deixar o discurso, ir a Washington e fechar a fronteira." Por sua vez, a democrata tira proveito da repercussão de seu discurso de 40 minutos, considerado por especialistas como consistente e forjado para consolidar a vitória.
De acordo com Bruce Ackerman— professor de direito da Universidade de Yale (em New Haven, Connecticut) —, Kamala Harris aproveitou para enfatizar a própria luta para se tornar uma promotora dedicada à proteção de americanos que tiveram a vida destruída pela violência. "Ela também mostrou determinação em usar sua Presidência para proteger a nova geração de abusos semelhantes. Ao contrário de Walz, a mãe de Kamala foi uma cientista distinta que fez contribuições revolucionárias para a microbiologia. Apesar de suas muitas dificuldades pessoais, ela teve condições de fornecer à Kamala muitos dos recursos culturaisnecessários parao sucesso na escola", disse ao Correio. "Sua escolha pelo governador Tim Walz como colega de chapa expressa sua vontade de fornecer oportunidades decisivas para trabalhadores americanos sem privilégios da elite."
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Historiador político da American University, em Washington, Allan Lichtman admitiu à reportagem que o "discurso inspirador" de Kamala efetivamente a apresentou ao povo norte-americano, que sabia pouco sobre ela. "Kamala conseguiu humanizar sua história e pressoal e traçar contrastes nítidos entre ela e Donald Trump", afirmou, por e-mail. "Ela expôs os temas que condurizão a campanha pelos próximos 75 dias: democracia versus autoritarismo, apoio aos trabalhadoes versus suporte aos ricos, direitos reprodutivos e restruções ao aborto, e segurança coletiva contra a ideia da 'América em primeiro lugar'."
Para Steven Greene, professor de ciência política da Universidade Estadual da Carolina do Norte, a Convenção Nacional Democrata em si e o discurso de Kamala foram "impressionantes". O Partido Democrata está unido em torno de Harris. O trabalho dela é alcançar eleitores indecisos e republicanos descontentes, e ela fez isso", comentou.
Por sua vez, James Naylor Green, historiador político da Universidade Brown (em Rhode Island), afirmou ao Correio que Kamala fez um discurso "muito poderoso", ao unir a esquerda e o centro do Partido Democrata. "Há cinco menos, o partido enfrentava uma crise associada a quem seria o candidato, com Joe Biden fraco nas pesquisas. Kamala unificou as bases sem encontrar muita oposição", declarou. "O comentário dela sobre a situação na Faixa de Gaza não vai agradar a quem se opõe à guerra, mas foi o suficiente para ela garantir uma unidade dentro dos setores mais centrais do partido. Em geral, ela sairá com muita energia para começar a campanha de base, na próxima semana, indo de casa em casa e mobilizando as pessoas para obter votos."
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