Criminosos usaram bancos falsos para roubar 80 mil libras (cerca de R$ 600 mil) de uma mulher em um golpe de namoro, segundo uma investigação da BBC.
A britânica Kirsty, uma florista de Harrogate, no condado de North Yorkshire, na Inglaterra, conheceu na internet um homem que, com o tempo, a convenceu a acessar a conta bancária online dele para ajudá-lo a movimentar dinheiro.
No entanto, o site do banco era falso. Quando a conta dele aparentemente "congelou", ele a culpou pelo problema e a persuadiu a transferir dinheiro dela para ele.
"Levaram tudo o que eu tinha, tudo o que ganhei, tudo o que construí", disse Kirsty à BBC.
Aos 42 anos, a florista é mãe solteira de quatro filhos. Recém-divorciada, foi incentivada por amigos a experimentar o namoro online.
Ela foi abordada por um homem de cabelos escuros e olhos azuis que se descreveu como um empresário rico, ganhando sua confiança.
Logo, eles começaram a conversar por telefone. Ele disse que faria uma viagem de negócios para a Turquia, mas após três dias de silêncio, voltou a contatá-la, alegando ter sofrido um acidente.
"Ele me enviou uma foto no hospital, vestindo uma camisola hospitalar, dizendo que estava muito doente", diz Kirsty. "Disse que havia sido sequestrado, retirado à força de seu carro e espancado."
O homem pediu ajuda para pagar as contas do hospital, mas, ao contrário de golpes de namoro tradicionais, ele não pediu dinheiro diretamente.
Em vez disso, forneceu o que disse serem seus dados bancários online para que Kirsty pudesse fazer um pagamento em seu nome.
Ao acessar o site, Kirsty viu uma página que parecia legítima, de uma empresa chamada Regional Bank PLC. Essa página ainda está ativa, mas a BBC descobriu que é falsa.
A página mostrava um saldo de U$ 600 mil (R$ 3,34 milhões), com várias transações pendentes e muitas concluídas.
"Achei que tinha feito a coisa certa, que estava ajudando alguém", diz Kirsty.
A pedido dele, ela repetiu o processo, acessando o site para fazer mais pagamentos, totalizando milhares de libras. Sua confiança nele aumentava.
Contudo, quando ele pediu para que ela verificasse um dos pagamentos, o site a bloqueou. Durante uma ligação, o homem ficou furioso e a culpou. "Ele enlouqueceu", conta.
Após pedir desculpas, ele pediu que Kirsty enviasse seu próprio dinheiro para pagar uma conta de 5 mil libras (R$ 36,4 mil), prometendo reembolsá-la quando a conta fosse descongelada.
"Eu estava muito nervosa, nunca estive tão assustada", diz ela, mas ele a tranquilizou, lembrando que já havia dado acesso à sua conta.
O pedido de dinheiro continuou, totalizando 80 mil de libras (R$ 583 mil).
Kirsty emprestou 50 mil libras (R$ 364 mil) de seus pais e irmã, acreditando que seria reembolsada.
'Buraco negro'
Em dado momento, ela até comprou um telefone para ele, enviou para o Chipre e pagou por um voo de volta para casa para ele, indo ao aeroporto para buscá-lo, mas ele nunca chegou.
Finalmente, ao tentar ser reembolsada, ela acessou novamente o site, mas o pagamento continuou pendente. Nessa tentativa, ela também inseriu seus próprios dados bancários.
Posteriormente, Kirsty foi novamente vítima de fraude.
Criminosos, fingindo ser seu banco, usaram os dados que ela havia inserido no site falso para convencê-la a transferir mais 80 mil libras. Foi então que Kirsty percebeu que havia sido enganada.
"Meu coração explodiu. Eu me senti em um buraco negro", disse. "Não conseguia raciocinar, entender o que havia acontecido ou o que tinha feito."
A BBC descobriu que imagens do homem que Kirsty acreditava estar namorando foram usadas em golpes semelhantes, envolvendo outras vítimas.
A conta bancária de Kirsty é na instituição financeira britânica Tide, que, segundo ela, nunca a contatou para questionar as grandes transações.
O Tide diz que "opera sob a premissa de que o cliente é responsável por qualquer pagamento que tenha autorizado".
A empresa lamentou a "perda e angústia" de Kirsty devido à "fraude sofisticada", mas não fez mais comentários, pois o caso está com o Serviço de Ouvidoria Financeira, autarquia que ajuda a resolver disputas entre consumidores e empresas de serviços financeiros sediadas no Reino Unido.
A polícia do condado de North Yorkshire foi contatada para comentar o caso.
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