A Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani — Aty Guasu — voltou a denunciar ataques de fazendeiros contra indígenas no município de Douradina, no Mato Grosso do Sul, na noite de segunda-feira. Segundo a Aty Guasu, os conflitos têm se intensificado entre os fazendeiros e os indígenas que participam da retomada.
Em um vídeo postado no perfil da assembleia nas redes sociais, é possível ver um comboio de caminhonetes alinhadas lateralmente, com os faróis acesos em meio à noite, enquanto uma voz diz "Todo mundo se posicionando e, daqui a uma meia hora, 'o bambu vai envergar'. Vamos avançar. Todo mundo organizado. Todo mundo se organizando, aí, para o grande conflito. Lá que 'está' os índio, também estão organizado. Está chegando a tropa de choque aí também, Colon está chegando com a liderança aí também. Vamos chegar para cá! Vamos chegar, vamos chegar!".
A legenda que acompanha a postagem escreve: "Nesta noite, segunda-feira (22), os fazendeiros estão se reunindo para poder atacar os indígenas do povo Guarani Kaiowá no município de Douradina. Povo Guarani Kaiowá pede socorro, ESTAMOS SOB ATAQUE".
Outra postagem na página da Aty Guasu, feita no domingo (21), denuncia mais violência. "Aty Guasu faz denúncias contra os fazendeiros que atacaram famílias indígenas e roubaram os utensílios e objetos das famílias indígenas. Estão destruindo ilegalmente barracas e promovendo genocídio na retomada Panambi, Douradina. Fazendeiros roubaram nossas terras, roubam nossos objetos e utensílios. Queremos justiça", escreveu a assembleia.
Em nota, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) se manifestou em defesa dos povos indígenas do Brasil "que se encontram sob uma série de ataques armados e de ameaças às suas retomadas e territórios tradicionais". Ainda segundo o conselho, os povos indígenas encontram-se em uma "situação de grave insegurança jurídica" em razão da vigência da lei que institui o marco temporal.
"Nesse sentido, o CNDH insta o governo federal a adotar providências imediatas, em colaboração com os governos dos estados ora citados, para proteção aos povos originários com a garantia dos direitos sociais fundamentais e execução das devidas políticas públicas, principalmente com a conclusão da demarcação dos seus territórios ancestrais", afirma o conselho.